Sombra da Covid-19 assusta servidores do Congresso Nacional
Retorno do trabalho presencial elevou o medo de contaminações no parlamento. Aglomeração estão sendo registradas diariamente
atualizado
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Servidores da Câmara dos Deputados e do Senado estão temerosos com a convocação para o retorno ao trabalho presencial em meio à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
O expediente voltou às repartições na terça-feira (23/2) e já causou aglomeração. Os pontos mais críticos foram nas entradas dos prédios, onde a temperatura é aferida e a identificação ocorre.
Fotos circularam em redes sociais e grupos de mensagens durante todo esta quarta-feira (24/2). Uma delas mostrava um corredor da Câmara vazio e o texto de que um gabinete estava sendo isolado. Na verdade, o local estava sendo infectado porque um funcionário teve sintomas da Covid-19, mas logo depois o lugar foi liberado.
Na terça (23/2), o plenário 2 também recebeu desinfecção.
A reportagem também recebeu outras imagens da entrada do Congresso, em que filas eram formadas para a medição da temperatura e medidas de limpeza eram tomadas.
Veja as fotos:
Antes mesmo do regresso, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis) pediu ao diretor-geral da Câmara dos Deputados, o analista legislativo Celso de Barros Correia Neto, que a medida fosse revista.
A entidade cobrou o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscara, a regulamentação do uso do ar condicionado, o isolamento da mesa de trabalho com acrílico ou distanciamento e a testagem periódica.
Os servidores querem ainda que o Departamento da Polícia Legislativa fiscalize a lotação máxima do plenário e das dependências do local.
Sem sucesso, o Sindilegis protocolou um ofício endereçado ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), reforçando a preocupação com o retorno presencial dos servidores. Ao todo, o Congresso tem mais de 20 mil servidores — concursados ou não.
Ofício
O documento solicita a “adoção imediata, com amplo detalhamento, exaustiva divulgação e rígida fiscalização”, dos protocolos de biossegurança a serem observados na Câmara.
“Dezenas de servidores, terceirizados e até mesmo parlamentares foram diagnosticados com Covid-19 nas últimas semanas. O Sindilegis tem sido procurado por seus filiados, bem como por familiares de trabalhadores da Casa que foram hospitalizados em decorrência da infecção, solicitando nossa intervenção”, reforça o documento assinado pelo presidente do sindicato, Alison Souza.
Sem sucesso, a entidade convocou servidores da Câmara e do Senado para discutir uma possível ação judicial a respeito do retorno ao trabalho presencial. A reunião ocorre na tarde desta quarta-feira (24/2).
Versão oficial
Em nota, a Câmara garantiu que desde o início da pandemia adotou medidas de controle e que o uso de máscaras faciais é obrigatório dentro das dependências da Câmara.
“A distância pessoal deve ser mantida em aproximadamente 1,5 metro. Corredores e escadas ganharam adesivos com sinalizações de ida e vinda, e os elevadores, de localização. Há também orientações sobre o uso correto, a lavagem e o descarte das máscaras faciais, conforme determinado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], assim como de higienização das mãos”, frisa o texto.
Segundo a Casa, a retomada das atividades presenciais dos servidores será gradativa e que cada gestor, gabinete e unidades administrativas deverão organizar os processos de trabalho.
“O documento [que determina a retomada] prevê a manutenção do trabalho remoto para os servidores em condições especiais, como aqueles com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes, pais de recém-nascidos e acometidos por doenças graves ou que tenham passado por tratamento de saúde que cause diminuição da imunidade”, frisa.
No Senado, servidores, colaboradores e visitantes são obrigados a preencher um questionário, disponível no Portal do Senado, antes de acessar as dependências da Casa.
“Entre as medidas, destacamos que os espaços de convivência estão preparados para evitar a propagação da doença. O número de mesas e cadeiras foi reduzido; dispensadores de álcool em gel e sabonete líquidos estão disponíveis e há sinalização em todos os espaços indicando o afastamento mínimo a ser adotado. Os eventos estão suspensos, bem como as visitações institucionais”, informa, em nota.