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Servidor: aposentadorias disparam com Bolsonaro e superam Lula e Dilma

De 2019 a 2021, 62,7 mil funcionários da União se aposentaram, segundo levantamento feito pelo Metrópoles

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Igo Estrela/Metrópoles
Esplanada dos Ministérios, Brasília concurso
1 de 1 Esplanada dos Ministérios, Brasília concurso - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

As aposentadorias de servidores públicos federais dispararam nos três primeiros anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e superaram o registrado durante o mesmo período dos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Dilma Rousseff (PT).

De 2019 até o fim do ano passado, 62,7 mil funcionários da União se aposentaram. Nos três primeiros anos do governo Dilma (2011-2013), foram 48,3 mil. No início da era Lula (2003-2005), 30,6 mil servidores deixaram os quadros do funcionalismo.

O panorama faz parte de levantamento do Metrópoles com base em dados do Painel de Estatística de Pessoal (PEP), plataforma do Ministério da Economia.

A gestão bolsonarista só não ultrapassou a marca do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Durante os três primeiros anos da gestão do tucano (1995-1997), 87,7 mil servidores deixaram o trabalho.

A título de curiosidade, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), no período de 2017 e 2018, 41,2 mil servidores se aposentaram.

Um dos fatores que pode ter alavancado os pedidos no decorrer da gestão FHC é a reforma administrativa aprovada para os servidores na época. Em 2019, a reforma da Previdência pode ter causado o mesmo efeito.

Até abril, o ano de 2022 tem o menor número de aposentadorias de servidores públicos federais desde 2012, como mostrou o Metrópoles nesta semana.

Ao todo, 3.529 funcionários se aposentaram nos primeiros quatro meses deste ano. No mesmo período de 2021, foram 3.634. A queda do ano passado para este foi de 2,8%.

Servidores falam em precarização

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, avalia que a precarização do serviço público tem estimulado os servidores a deixarem o trabalho.

“O que acontece é que o serviço público, com essa política de arrocho e retirada de direitos, deixou de ser atrativo. Tudo isso faz com que o funcionalismo vá para casa”, reclama.

Segundo o sindicalista, a cada 100 servidores que deixaram os quadros da União, somente 32 foram repostos. Atualmente, a União mantém 573 mil servidores ativos.

“Se já está ruim, pouco a pouco a prestação de serviço vai entrar em catástrofe. Cada vez mais o serviço ficará precarizado para a população”, alerta.

O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Economia para que a pasta comentasse o panorama, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto para esclarecimentos.

Briga por reajuste

O funcionalismo e o governo federal vivem uma cruzada causada pelo reajuste salarial. Servidores cobram 19%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, calcula no máximo 5%.

Nos bastidores, o governo, para diminuir o impacto dos gastos, cogita até mesmo substituir o reajuste salarial por uma correção no vale-alimentação.

Atualmente, os servidores da União que estão ativos em suas funções recebem R$ 458 mensais para alimentação. A estimativa do governo é de que o valor poderia ultrapassar R$ 600 mensais.

“Reajustar apenas o vale-alimentação é um verdadeiro desrespeito aos servidores, sobretudo aos aposentados, que nem sequer esse reajuste terão, pois não recebem vale-alimentação”, critica o presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques.

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