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Sem reajustes salariais, servidores públicos ameaçam parar

O possível adiamento da medida não teria impacto neste ano, mas é uma alternativa para fechar as contas do Orçamento de 2018

atualizado

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greve geral
1 de 1 greve geral - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

Servidores públicos já se articulam para recorrer à Justiça ou até mesmo paralisar serviços caso o governo leve a cabo a proposta de adiar os reajustes salariais já aprovados para 2018 e que custariam R$ 22 bilhões. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, afirmou na quarta-feira (26/7) que o estudo da medida está em linha com o objetivo da área econômica de revisar gastos obrigatórios.

A medida não teria impacto neste ano. Porém, é uma alternativa para fechar as contas do Orçamento de 2018, que precisa ser apresentado até o fim de agosto e já traz dor de cabeça para o governo.

“O que pode ser feito é a postergação de reajustes em alguns meses, mas é preciso ver as bases legais para se fazer isso”, sugeriu Ana Paula. Nos bastidores, a secretária manteve uma postura crítica à concessão dos reajustes e hoje representa uma das maiores defensoras da revisão dos acordos.

Na quarta, Ana Paula ressaltou que a decisão do presidente Michel Temer (PMDB) de dar os aumentos foi tomada “com base na interinidade e nas negociações anteriores”. Grande parte dos reajustes foi aprovada quando o peemedebista ainda era presidente em exercício, antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Agora, Temer pode recorrer a expediente semelhante ao adotado pela antecessora, que em setembro de 2015 adiou aumentos para agosto do ano seguinte.

A indicação de que o governo planeja adiar os reajustes deve acirrar ainda mais os ânimos do funcionalismo em um momento já de ebulição por conta da restrição de recursos federais. A Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) disse que entrará com ação na Justiça para impedir a postergação, caso a medida seja de fato anunciada.

O presidente da CNSP, Antonio Tuccilio, afirmou que o governo não foi transparente durante as negociações dos aumentos, uma vez que não ponderou sobre a situação delicada das contas públicas. “Falta gestão. A outra parte (governo) tinha de ter colocado o problema na mesa”, lamentou. “Uma vez que o aumento foi decidido, ele tem de ser cumprido.”

Mobilização
Os auditores fiscais da Receita Federal vão se reunir nesta quinta-feira (27/7) para discutir o tema. A categoria foi uma das mais mobilizadas pelo reajuste, com paralisações e greves que afetaram desde o desembaraço de mercadorias em aduanas até a divulgação de dados sobre a arrecadação federal. “Certamente, as entidades não ficarão paradas”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Claudio Damasceno.

O adiamento dos reajustes pode ser um dos instrumentos do governo para tentar cumprir a meta fiscal estipulada para 2018, de déficit de R$ 129 bilhões. A capacidade da área econômica em atingir esse objetivo no ano que vem já tem sido questionada, na esteira da pressão crescente por alteração da meta de 2017, para rombo superior aos R$ 139 bilhões fixados hoje.

A mudança na meta fiscal deste ano tem sido discutida internamente por técnicos da área econômica diante das incertezas que cercam uma série de receitas previstas pelo governo. A maior insegurança está nos R$ 25,7 bilhões esperados com concessões.

Desse valor, R$ 19,3 bilhões ingressarão nos cofres da União apenas em novembro e dezembro, o que diminui a capacidade de ação do governo em caso de frustração. Esta constatação que levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a emitir alerta à equipe econômica sobre a chance real de descumprimento da meta neste ano.

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