Mortes de servidores por Covid-19 viram “mistério” no governo federal
O mais recente boletim aponta que 1.876 servidores testaram positivo para a doença. Contudo, governo não sabe quantos morreram pela infecção
atualizado
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O governo federal não sabe quantos servidores públicos morreram por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A falta de estatística é alvo de críticas de entidades que representam a categoria.
O Ministério da Economia é responsável pela organização das atividades dos servidores. A pasta divulga um boletim com o número de infectados. Contudo, não sabe informar quantos morreram desde o início da pandemia.
O mais recente documento do tipo aponta que 1.876 servidores testaram positivo para a doença. Os dados são da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal até 24 de julho.
Segundo o Ministério da Economia, o Ministério da Saúde seria o responsável pela informações. Por sua vez, a pasta chefiada pelo general Eduardo Pazuello informou que não realiza esse tipo de levantamento.
As únicas informações compiladas pelo governo federal são de casos de Covid-19 em profissionais de saúde. Com isso, os demais servidores de órgãos e autarquias ficam sem informações específicas.
Até 5 de agosto, foram notificados 232.992 casos confirmados em profissionais de saúde. Técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos e agentes comunitários de saúde são os mais afetados.
O secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, critica a falta de informações.
“É evidente que o governo tem esses números, porém, como devem ser assustadores, eles preferem não divulgar as estatísticas e, dessa forma, subnotificando os casos”, reclamou.
Grupo de risco
Atualmente, a União conta com 564 mil servidores. De acordo com o Painel de Raio-X do Ministério da Economia, plataforma que reúne informações de servidores, cargos e funções, 13,4% dos servidores fazem parte do grupo de risco.
Ao todo, 65,6 mil empregados públicos têm mais de 60 anos. Esse é um dos critérios para as autoridades de saúde enquadrarem o grupo entre os mais vulneráveis para a doença. O índice pode ser ainda maior, já que não é detalhada, por exemplo, a quantidade de servidores com comorbidades.
Em todos os órgãos e entidades da administração pública federal, 357.767 estão em trabalho remoto. Isso representa 63% do total da força de trabalho.