metropoles.com

Governo deixará “marca negativa” sem reajuste a servidor, diz Condsef

Servidores e governo se reunirão até o fim do mês. Será o ultimato, já que por lei, a proposta de Orçamento deve ser enviada até 31/8

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
Imagem aérea colorida mostra Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF) - Metrópoles
1 de 1 Imagem aérea colorida mostra Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF) - Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Com cada vez menos tempo de negociar o reajuste salarial para 2023, o funcionalismo público tem vivido dias tensos de negociação. Até o momento, o Ministério da Economia só garante o que já se encontra na Lei de Diretrizes Orçamentários: R$ 11,7 bilhões para reajustes de salários ao setor. Está prevista uma reunião para o fim do mês. Será o ultimato, já que por lei, a proposta de Orçamento deve ser enviada até 31 de agosto.

O país conta com 12 milhões de servidores públicos. Somente a União tem pouco menos de 600 mil na ativa. Um reajuste para esses funcionário tem efeito escalonado entre os poderes, estados e municípios.

Ao longo da última semana, grupos de servidores realizaram uma série de protestos em Brasília na tentativa de pressionar o governo. A categoria enviou o Congresso, em tom de apelo, um manifesto.

Em entrevista ao Metrópoles, o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, afirma que as negociações estão difíceis e que o governo terá uma “marca negativa” por ter menosprezado a categoria. A Condsef representa cerca de 80% dos servidores do Executivo Federal.

“O que é necessário e importante, o governo não faz. Por exemplo, negociar os benefícios dos servidores, reajustar a remuneração, a estrutura, prever concursos… O governo vai deixar sua marca negativa”, critica.

Desde janeiro, o grupo tenta negociar um reajuste com o governo. Os servidores reivindicam 19,99%. O principal argumento é a defasagem, que chega a 33%, segundo a categoria. Algumas carreiras estão desde 2017 sem aumento salarial.

“O servidor precisa de remuneração adequada”, defende Sérgio Ronaldo. Para ele, apesar do momento estressado, a postura do governo federal não mudou ao longo da gestão. “É lamentável a forma e a sistemática como o governo tem administrado o serviço público”, condena.

Endividamento

Na semana passada, a Medida Provisória (MP) nº 1.132, publicada a quinta-feira (4/8), aumentou para 40% o valor máximo de crédito consignado para servidores públicos federais, com desconto em folha de pagamento. A porcentagem permitida anteriormente era de 35%.

A medida foi vista pelo funcionalismo como eleitoreira e que, na prática, prejudica os servidores. “Essa questão só beneficia as instituições bancárias e coloca na navalha do endividamento o servidor”, resumo o sindicalista.

10 imagens
O aumento salarial para a área da segurança partiu de uma demanda do próprio presidente
No fim de 2021, antes da votação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), o Ministério da Economia enviou um ofício ao Congresso Nacional pedindo que fossem reservados R$ 2,5 bilhões para reajustes salariais em 2022
No entanto, o orçamento enviado só prevê correção salarial para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen)
Como consequência, servidores da Receita Federal e do Banco Central começaram a entregar cargos, em protesto
Além disso, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), composto por mais de 30 categorias, programou para 18 de janeiro o Dia Nacional de Mobilização. A intenção é pressionar o governo a conceder reajuste para todos os servidores
1 de 10

O governo Bolsonaro vive período conturbado com alguns servidores públicos. Tudo começou depois que foi anunciado reajuste salarial para policiais, mas o aumento financeiro de outras categorias ficou de fora dos planos

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 10

O aumento salarial para a área da segurança partiu de uma demanda do próprio presidente

Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
3 de 10

No fim de 2021, antes da votação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), o Ministério da Economia enviou um ofício ao Congresso Nacional pedindo que fossem reservados R$ 2,5 bilhões para reajustes salariais em 2022

Thiago S. Araújo/Especial para o Metrópoles
4 de 10

No entanto, o orçamento enviado só prevê correção salarial para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen)

Matheus Veloso/Especial Metrópoles
5 de 10

Como consequência, servidores da Receita Federal e do Banco Central começaram a entregar cargos, em protesto

Marcelo Camargo/Agência Brasil
6 de 10

Além disso, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), composto por mais de 30 categorias, programou para 18 de janeiro o Dia Nacional de Mobilização. A intenção é pressionar o governo a conceder reajuste para todos os servidores

Morsa Images/ Getty Images
7 de 10

Sem resposta, servidores públicos de mais de 40 órgãos federais realizaram, no dia 18 de janeiro, protestos em frente ao Banco Central e ao Ministério da Economia, em Brasília, cobrando por reajustes com base na correção da inflação

MmeEmil / Getty Images
8 de 10

Em meio à repercussão, Bolsonaro chegou a afirmar que todos os servidores merecem aumento. Contudo, em nenhum momento especificou se outras categorias, além da segurança pública, receberiam o reajuste

Rafaela Felicciano/Metrópoles
9 de 10

A pressão do funcionalismo público por aumento salarial tem preocupado a equipe econômica. O ministro Paulo Guedes, no entanto, não esconde que é contra qualquer reajuste

Rafaela Felicciano/Metrópoles
10 de 10

De acordo com Guedes, o governo precisa “ficar firme”. “Sem isso, é como Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos, até explodir a barragem e todos morrerem na lama”, disse o ministro sobre o assunto

Fábio Vieira/Metrópoles

Embates

Algumas questões embaralharam o possível reajuste: de onde sairá o dinheiro, qual o percentual e quais categorias efetivamente seriam beneficiadas.

A fonte do dinheiro é um obstáculo bem complicado. Caso o reajuste para servidores do Executivo seja de 5%, o impacto anual será de R$ 12,6 bilhões. Faltariam, portanto, R$ 900 milhões para cobrir o aumento de gastos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 contém uma reserva de R$ 11,7 bilhões para recomposição na remuneração dos servidores.

Se outros poderes aplicarem a mesma recomposição de 5% a seus servidores, como normalmente é feito, seria necessário engordar a conta com mais R$ 1,5 bilhão.

O governo tem até o dia 31 de agosto para encaminhar a proposta de Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional. Nesta semana, o diretor de Relações do Trabalho na Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Cleber Izzo, conversou com representantes da categoria, mas não fez nenhum tipo de garantia.

Derrotas

O funcionalismo público federal sofreu dura derrota em 2022. Isso porque terminou em 4 de julho o prazo para a concessão de aumentos neste ano. Com isso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou o único, em 20 anos, a não conceder reajuste a servidores durante o mandato.

A legislação eleitoral proíbe que, no período entre 180 dias antes das eleições e a posse dos candidatos eleitos, haja reajuste na remuneração para servidores.

O Ministério da Economia tem afirmado que, além da vedação eleitoral, o Orçamento não permite reajustes. A pasta diz que trabalha com um projeto de restruturação das carreiras para o próximo ano.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?