Funcionários dos Correios suspendem greve, mas continuam mobilizados
Sindicatos afirmam que paralisação em todo o país alcançou em parte seu objetivo e categoria deve retornar ao trabalho ainda nesta terça
atualizado
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Os funcionários dos Correios decidiram, nesta terça-feira (17/09/2019), suspender a greve iniciada no último dia 10. Em nota conjunta, a Federação Interestadual dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirmam que a mobilização em todo o país alcançou em parte seu objetivo, chamam todos a retornarem ao trabalho ainda na noite desta terça, mas pedem que a categoria permaneça em “estado de greve”.
Pelo acordo mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e aceito pelas assembleias estaduais dos funcionários nesta terça, fica decidido: manter o estado de greve até o julgamento do dissidio coletivo ou assinatura de acordo coletivo de trabalho e prorrogar o acordo coletivo de trabalho atual até o próximo dia 2 de outubro.
“A ideia é construirmos um movimento maior contra o sucateamento dos Correios”, explica o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, evidenciando que os funcionários ainda estão em pé de guerra contra a direção da empresa.
“Os Correios tentam o tempo todo usar o TST contra os trabalhadores”, diz, ao mesmo tempo em que afirma que não está descartada uma paralisação maior até o final deste ano.
Preparar terreno
Para Rivaldo, a intenção do governo federal é sucatear os Correios, enfraquecer o movimento sindicalista e, assim, preparar o terreno para a privatização da estatal.
“Poderemos fazer uma mobilização maior, envolvendo outras categorias, contra o governo. Não podemos aceitar a ideia de vender tudo o que é público”, ressalta.
Confira a íntegra da nota das federações:
“Companheiros e companheiras:
Com a deflagração da greve no último dia 11, os trabalhadores e trabalhadoras ecetistas demonstraram a força da categoria, lotando as assembleias em todas suas bases, decidindo coletivamente e de forma unânime, em todo o País, pela aprovação de uma das maiores greves que a categoria já fez.
Com essa gigantesca mobilização nacional e com a repercussão da greve, conseguimos fazer a direção dos Correios e governo federal recuarem da intransigência assumida nas negociações. A atitude da direção da empresa de rejeitar, anteriormente, a mediação do Tribunal Superior do Trabalho foi substituída pela corrida em protocolar uma ação do judicial, no mesmo Tribunal, com o intuito de retirar direitos dos trabalhadores (as).
É relevante destacar a importância da unidade da classe trabalhadora e registrar a responsabilidade das federações em todo o processo negocial, de forma unificada, a fim de construir o diálogo para um Acordo Coletivo de Trabalho que garantisse os direitos e benefícios historicamente conquistados por grandes lutas da categoria ao longo dos anos.
As federações (Fentect e Findect), em audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho – TST, no último dia 12/09, após a ECT ingressar com o pedido de Dissídio Coletivo de Greve, repudiaram a postura que os representantes da ECT adotaram ao insistir na proposta de retirada de direitos da categoria, já rechaçada pelos trabalhadores em assembleias.
Com o impasse gerado, o ministro do TST, Mauricio Godinho Delgado, apresentou uma proposta de prorrogação do Acordo Coletivo até a data do julgamento do Dissídio, 02/10. Diante da proposta apresentada na reunião, as federações (Fentect e Findect) se reuniram e entendem que a mobilização em todo o País alcançou em parte seu objetivo e que a nossa luta continua em defesa dos Correios, contra a privatização.
As federações parabenizam a coragem e determinação de todos que acreditaram na luta em defesa dos nossos direitos e empregos, assim como na defesa dos Correios público e de qualidade. Desta maneira, estas entidades, de forma unificada, encaminha as seguintes orientações aos trabalhadores(as) para as assembleias da próxima terça-feira, 17/09:
1. Suspender a greve da categoria em todo o país, com retorno ao trabalho a partir das 22 horas do dia 17/09;
2. Aprovar a manutenção do estado de greve até o julgamento do Dissídio Coletivo ou assinatura de Acordo Coletivo de Trabalho;
3. Aprovar a prorrogação do Acordo Coletivo de Trabalho atual até o dia 02 de outubro de 2019;
4. Intensificar os atos, panfletagens e mobilizações nas bases para manter e reforçar a mobilização;
5. Instalação, em caráter emergencial, em Brasília/DF, do COMITÊ CONTRA A VENDA DOS CORREIOS, para desenvolver trabalhos junto ao Congresso Nacional e autoridades públicas.
Em nome da unidade e atendendo ao pedido da categoria, as federações ressaltam a importância da manutenção das mobilizações em todas as bases, pois só assim conseguiremos manter nossos direitos, conquistas e garantir a empresa de Correios 100% pública.
Parabéns a todos os trabalhadores e trabalhadoras que demonstraram a disposição de lutar, e demonstraram um exemplo que deve ser seguido por todos aqueles que estão sendo prejudicados pelo Governo Federal.
Por um correios público e de qualidade!
Contra a privatização dos Correios!
Pela unificação da classe trabalhadora do país e do mundo contra o retrocesso nos direitos sociais e trabalhistas.
Saudações sindicais”.
Em nota, os Correios também se manifestaram nesta terça. Leia na íntegra:
“Os Correios aguardam o encerramento da paralisação parcial em todo Brasil para consolidarem as informações relacionadas aos impactos nas operações da empresa. As federações têm até as 22h de hoje, terça-feira (17/09/2019), para deliberarem sobre o fim do movimento paredista. Essa foi a condição para que a empresa aceitasse a proposta do Tribunal Superior do Trabalho de manter as cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019 até o dia 2 de outubro, data do julgamento do dissídio coletivo.
Vale lembrar que foram dois meses de negociação junto às representações sindicais. Os Correios buscaram construir uma proposta de acordo dentro das condições financeiras suportadas pelo caixa da empresa. As federações, por sua vez, reivindicam vantagens impossíveis de serem concedidas no atual momento da empresa, que espera chegar a um entendimento razoável sobre o ACT para retomar o equilíbrio financeiro da estatal.
Desde o início da paralisação parcial, os Correios colocaram em prática um plano de continuidade de negócios, estabelecendo ações de contingência para amenizar eventuais impactos à população. Entre as medidas estão o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação e a realização de mutirões nos fins de semana. As ações contingenciais continuarão a ser adotadas até que as entregas sejam normalizadas. Reiteramos que a rede de atendimento está funcionando normalmente em todo o país”.