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Empregados de bancos públicos preparam arrancada contra privatizações

Leilão na Caixa e eleição de conselheiros no Banco do Brasil mobilizam categoria contra venda e “enfraquecimento” das instituições

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Prédio da Caixa no Setor de Autarquias Sul – Brasília – DF 04/11/2015
1 de 1 Prédio da Caixa no Setor de Autarquias Sul – Brasília – DF 04/11/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Bancários de todo o país prometem intensificar ações contra a privatização de instituições financeiras públicas como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A categoria vai buscar apoio no Congresso Nacional para criar a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, prevista para ser lançada em 8 de maio.

A intenção dos empregados é impedir a venda de partes dos bancos públicos, o que, segundo eles, ameaçaria empregos e desarticularia a função social das instituições. O governo federal estuda a privatização de estatais, de modo que reduza os gastos públicos. No radar do Ministério da Economia, está a possibilidade de venda dos bancos ou, ao menos, de alguns negócios mantidos por eles.

Os funcionários usam como exemplo das possíveis perdas o leilão de concessão de loterias instantâneas da Caixa, Lotex, previsto pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para 9 de maio. Eles acreditam que esse é o primeiro passo para “desestruturar” as instituições. O processo já foi adiado cinco vezes e se arrasta desde junho de 2018.

Notas de repúdio
Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal, Jair Ferreira, o que o governo propõe é “desmonte”. “A política que estão destinando aos bancos públicos é perversa por tirar a característica social dos bancos. Não é uma ameaça só às empresas e aos servidores, mas faz mal às pessoas. É uma política de desmonte”, sustenta. “A forma como estão fazendo é muito sutil, vendendo ativos, ações. Nos últimos 15 anos, é o pior período para nós”, conclui. 

As principais entidades de classe divulgaram cartas e notas de repúdio no mesmo sentido. A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) é contra a privatização. “Isso significa a perda da estabilidade no emprego, mas, muito mais do que isso, significa que a população será privada de serviços bancários e de políticas sociais na área da habitação, da educação, do esporte e de tantas outras que são realizadas com parte da arrecadação da Lotex”, explica Fabiana Proscholdt, dirigente da Contraf, em nota.

Para ela, os bancos privados não têm interesse em prestar serviços para a população menos favorecida e tampouco se instalar em cidades e bairros afastados dos grandes centros comerciais e financeiros. “Dias atrás a imprensa divulgou que é cada vez maior o número de cidades sem agências bancárias e mostrou os prejuízos que isso traz para a população e para a economia dessas localidades”, completa a dirigente da Contraf.

Na última semana, bancários realizaram atos em todo o país. Para o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE-Caixa), Dionísio Reis, a mobilização da categoria é o único caminho para evitar o “desmonte” das instituições.

“Estão ameaçando a venda dos ativos da Caixa, que têm o maior retorno para o banco, e fazendo que esse retorno seja revertido para as empresas privadas. Dessa forma, não será investido nas questões sociais. Um exemplo disso é a Lotex, que investe 40% de seus retornos em políticas sociais e, após o leilão, investirá apenas 15%”, reclama.

Crise no BB
A tensão no Banco do Brasil aumentou após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vetar uma campanha publicitária e pedir a demissão do diretor responsável pelo setor. Antes, a eleição dos conselheiros com atuação em empresas concorrentes já havia causado uma cizânia entre empregados e governo, que temem enfraquecimento do banco.

A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) votou contra a medida durante assembleia realizada na última sexta-feira (26/04/2019). Para a entidade, a eleição de um conselheiro que tenha ocupado recentemente cargo com alto poder decisório em empresas concorrentes do Banco do Brasil compromete a credibilidade da instituição e causa danos à sua reputação, além de desrespeitar a legislação vigente.

Em resposta ao Metrópoles, o Ministério da Economia afirmou que não há previsão para a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A pasta chefiada por Paulo Guedes é a responsável pelos estudos de estatais do governo federal, sobre as instituições que poderão ser privatizadas para reduzir os gastos públicos.

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