Crise na Ebserh: servidores não aceitam novo acordo com governo
Impasse nas negociações das regras trabalhistas divide funcionalismo e representantes governamentais. Trabalhadores alegam perda de direitos
atualizado
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A renovação do acordo trabalhista entre servidores e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) dividiu governo e funcionalismo em dois grupos antagônicos. A proposta trabalhista prevê um ganho de 1,5% nos salários e nada de aumento em benefícios. Os trabalhadores discordam e prometem reagir.
Entre as principais reclamações dos servidores está a data da assinatura do acordo, que passaria a valer a partir de então, e não da data base, o que exclui a possibilidade de pagamento retroativo. Eles reclamam, ainda, do direito ao abono de dois dias e ao acompanhamento de familiares em questões médicas. A estatal emprega quase 30 mil servidores e é responsável pela gestão de hospitais em todo o país, como o Hospital Universitário de Brasília (HUB).
Em maio, servidores e representantes da empresa se reunirão em busca de um consenso. Após uma série de tentativas, não houve avanço nas negociações, que valerão para 2019 e 2020. A mais recente ocorreu na última quinta-feira (11/04/19). O regime de trabalho dos servidores obedece às normas da CLT.
“Na última reunião, não tivemos avanço. As propostas que foram apresentadas pela empresa são muito aquém do que estamos reivindicando. Além disso, negou diálogo sobre as cláusulas novas que foram apresentadas pelos empregados, tudo isso posto, gerou divergência nas negociações”, destaca o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.
Segundo a Condsef, a diretoria da Ebserh justificou que o corte do abono e a alteração da cláusula de acompanhamento familiar ocorrem por que algumas consultas eletivas são marcadas para dias de plantão dos trabalhadores. Em represália, eles não descartam a possibilidade de greve.
Sem entrar num acordo, a Ebserh assinou, no fim de fevereiro, um aditivo á decisão vigente, que garantia 30 dias de prorrogação à sua validade. Vencido o prazo, em março passado, empregados garantiram a assinatura de documento para mais uma prorrogação, desta vez por 90 dias (30 de junho).
A Ebserh minimiza o impasse e diz que ainda está em processo de negociação “sem definição final dos termos”. “A Ebserh reforça que mantém o seu compromisso com o diálogo permanente e transparente com seus empregados”, destaca a empresa, em nota.
A estatal entende que a proposta garante a manutenção das demais cláusulas do acordo anterior, com exceção da referente aos dois abonos por ano, e ajustes na licença para acompanhar pessoa da família, que passa a prever o afastamento apenas em casos de urgência e emergência. “Para os demais empregados, essa cláusula específica permanece inalterada”, garante o texto.