Com 356 mil servidores em home office, governo ganha 1,1 mil equipamentos
Ministério da Economia fez chamamento público para receber doações de tablets e computadores. A campanha foi estendida até 31 julho
atualizado
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Após uma campanha pedindo doações de computadores e tablets, o Ministério da Economia arrecadou 1.174 equipamentos. Os itens serão distribuídos aos servidores públicos federais que estão em trabalho remoto – há 356 mil hoje em teletrabalho. A medida é destinada a ajudar a conter a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Desde março, a pasta busca donativos para manter os servidores em home office. O primeiro chamamento público para receber doação de computadores, notebooks e tablets foi publicado pela Central de Compras do Ministério da Economia em 26 de março. Depois, foi prorrogado para 30 de junho.
Com os resultados – que a pasta avalia como “positivos” –, agora a campanha se estenderá até 31 julho. Segundo o governo, “ainda persiste a necessidade de tais equipamentos”.
Um balanço obtido pelo Metrópoles mostra que três ministérios concentraram as doações recebidas pela União. As pastas de Saúde, Justiça e Segurança Pública e Economia foram as que receberam donativos.
O Ministério da Saúde ganhou 24 computadores, 630 tablets e 120 notebooks. O Ministério da Justiça e Segurança Pública angariou 220 tablets e 50 notebooks. Por fim, o Ministério da Economia recebeu 100 tablets e 30 notebooks.
Em nota, o Ministério da Economia informou que a distribuição começará nos próximos dias. “Cada órgão destinatário da doação tem sua forma de distribuição dos equipamentos, bem como a definição quanto aos servidores que receberão os bens para utilização”, destaca o texto.
Itens recebidos pelo governo:
- 950 tablets
- 200 notebooks
- 24 computadores
A maior parte dos donativos foi de pessoas jurídicas. As ações ocorrem pelo site reuse.gov.br, que inclui doações com ou sem ônus para o governo. O interessado deve incluir as informações sobre o produto ou serviço, anexar fotos e indicar, opcionalmente, se é para um órgão específico.
Apesar do recebimento dos donativos, os servidores não ficaram satisfeitos. A Confederação dos Trabalhadores no Serviços Públicos Federal (Condsef) classificou a medida como “humilhante, lamentável e vexatória”.
O secretário-geral da Condsef, Sérgio Ronaldo da Silva, condena esse tipo de medida. “É um absurdo. É querer diminuir o trabalho do funcionalismo. É humilhante. Quem tem R$ 1 trilhão em patrimônio, deveria se envergonhar em estar pedido doações a empresário para cumprir as sua missão. O Congresso aprovou medidas que dão ao governo condições de arcar com essa despesa”, defende.
O sindicalista ainda reclama da falta de apoio aos servidores em home office. “As pessoas estão passando por uma situação vergonhosa no trabalho. É inacreditável. Os órgãos têm seus orçamentos e poderiam dar condições para os servidores cumprirem seu trabalho com qualidade, como internet. Num contraponto, o governo até cortou benefícios por que as pessoas estão trabalhando de casa”, critica.
Para se ter dimensão da carestia da União para se adaptar ao home office, os servidores só estão trabalhando de casa porque houve uma doação de programa de TI para facilitar as reuniões on-line.
Em casa
Os servidores estão afastados das repartições há quase quatro meses. O governo editou a primeira instrução normativa que adequou o funcionamento do serviço público aos efeitos da pandemia em 12 de março. Segundo o governo, 1.565 servidores federais contraíram a Covid-19 até agora.
O trabalho remoto é alvo de desentendimentos entre o governo e a categoria. A Condsef enviou um ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, solicitando que o trabalho remoto seja aplicado a toda a administração pública federal, com exceção de setores essenciais. O documento de 24 de março não teve resposta.