Serpente pet: como cobra pode virar animal de estimação em apartamento
Álvaro Ramos tem quatro jiboias em seu apartamento na cidade de Santo André, em São Paulo. Ele seguiu regras para criação de animais
atualizado
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Além de dois gatos, o analista de tecnologia Álvaro Ramos (na foto, em destaque), de 28 anos, tem outros quatro animais de estimação no apartamento onde mora em Santo André, município da Região Metropolitana de São Paulo.
Bruce, 13 anos e 2,5 metros de comprimento, Jerry, 8 anos e 1,2 metro, Dolores, 8 anos e 1,1 metro, e Elvira, 2 anos e 30 centímetros, são as cobras – todas jiboias – criadas por Ramos dentro de casa.
Em média, este tipo de serpente alcança entre 1,20 e 3 metros de comprimento e chega a viver 25 anos.
“Minha esposa também gosta muito delas. São nossos xodós. É como criar qualquer outro bicho, só que a cobra não interage muito. Mas é um pet como qualquer outro”, acredita Ramos.
Para o dono, a serpente pode ser pet. Mas muitos vizinhos consideram uma ameaça.
No Rio de Janeiro, teve morador que saiu de casa após uma cobra escapar de um apartamento e desaparecer em um prédio da Barra da Tijuca, em março passado.
Em São Paulo, no ultimo dia 21 de junho, uma moradora relatou o sumiço de sua jiboia que escapou do terrário (espaço com terra que abriga a cobra) do apartamento localizado em Perdizes.
A notícia despertou discussão entre os vizinhos e um questionamento se tornou recorrente: uma cobra pode ser criada em apartamento?
A resposta é sim. “A criação de serpentes em cativeiro, o que a gente chama de pets não convencionais, não é proibida no Brasil. É permitida, desde que a obtenção desses animais tenha sido feita em criadouro regularizado. Se retirada direto da natureza, é considerado tráfico de animais”, explica o biólogo Ricardo Freitas, presidente do Instituto Jacaré, entidade especializada na captura e manejo de répteis.
Foi ele quem localizou a cobra perdida após 12 dias de buscas pelo prédio na Barra da Tijuca, conduzidas por Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Patrulha Ambiental da Prefeitura do Rio.
Em apenas 1h30, o biólogo achou o animal no 19º andar:
“Ela estava em uma tubulação de ar. Em alguns apartamentos, parte do gesso tinha abertura, perto de varais e cortinas. Ela achou um duto de ar, que atravessa todos os andares e foi até o 19º. Quebramos parte do gesso e achamos o animal”, contou o biológo, que mencionou o pânico causado pela cobra. “A essa altura, a maioria dos moradores já estava morando em hotel por medo de encontrar a serpente”.
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No caso do prédio de Perdizes, a cobra não chegou a sair do apartamento. Após divulgar o desaparecimento no Facebook, a dona da cobra encontrou o animal dentro do forno do fogão de casa neste domingo (27/6) – seis dias após o sumiço.
Preço de jiboia
Em um dos maiores criadouros legalizados de jiboias no país, situado na cidade mineira de Betim, o preço de uma serpente oscila entre R$ 2 mil e R$ 7 mil.
O especialista do Instituto Jacaré recomenda uma pesquisa aprofundada sobre o animal antes de concretizar uma compra.
“Muitas vezes, as pessoas compram o animal sem ter ideia do tamanho que ele vai ficar. Depois, ele cresce muito e a pessoa simplesmente descarta na natureza, sem a menor responsabilidade”, diz o biólogo. Ele lembra ainda que as serpentes necessitam de alimentos vivos, como camundongos, porquinhos da índia e coelhos.
Apesar das peculiaridades desse tipo de criação, o paulista Álvaro Ramos sustenta que é amor quase à primeira vista: “A primeira reação das pessoas é de estranhamento, uma mistura de medo com curiosidade. Mas todos que se aproximam, conhecem de perto, acabam se apaixonando por elas”.
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