Serial killer de Goiânia prepara livro contando sua história
Padre que supostamente ajudou o criminoso a escrever diz que seu trabalho é “evangelizar, e não concordar com os crimes cometidos”
atualizado
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Condenado em 27 júris populares e respondendo por mais de 30 homicídios, o serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha, 29 anos, tomou uma decisão que tem revoltado as famílias das vítimas.
O assassino anunciou que irá lançar o livro “Tiago Rocha: Um pouco da história por trás de um serial killer”, obra que escreveu na prisão sobre os crimes por ele cometidos, bem como sobre seu momento de conversão espiritual.
De acordo com o G1, Tiago teve apoio do padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, apontado como servidor fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A repercussão negativa fez com que o sacerdote emitisse uma nota na qual lamenta que o lançamento da obra possa ser tratado como “algo absurdo”.Além disso, o clérigo afirma que a história é de total responsabilidade de Tiago e seu trabalho no presídio é de “evangelizar, e não concordar com os crimes cometidos”. O padre garante que, com a obra, Tiago quer mostrar arrependimento. “O Deus que consola os familiares das vítimas é o mesmo Deus que perdoa e não desiste da salvação de todos nós, pecadores”, finaliza. Leia a íntegra no fim da matéria.
A nota não acalmou os ânimos dos familiares das vítimas, revoltados com a publicação. “Para mim, não vai trazer benefício nenhum, só mais tristeza. Não aceito, não. Para mim, é tocar na minha ferida a cada dia”, lamenta o mecânico Francisco Carvalho, pai da adolescente Arlete dos Santos, morta por Tiago aos 16 anos com um tiro no peito.
Lamento profundamente a repercussão da possibilidade do lançamento de um “livro” pelo Tiago Henrique como se fosse algo absurdo. As considerações veiculadas nas redes sociais, conforme me foram repassadas logo de manhã, não têm nenhum fundamento.Vou ao complexo penitenciário para evangelizar, não para concordar com o crime cometido por nenhum dos reeducandos. Quanto ao “livro”, não há participação de nenhuma outra pessoa; o Tiago Henrique é o único redator, cuja proposta é mostrar o seu arrependimento e também o seu processo de conversão.
“Em que momento do meu passado perdi o controle? Tenho dentro de mim um sentimento forte, é uma pena eu não ter direcionado esse sentimento para o caminho certo mas nunca é tarde para isso’’ (…)
Familiares de algumas vítimas já expressaram, por meio de cartas, o perdão ao Tiago Henrique, mesmo vivendo uma dor irreparável. Acredito que esta é a atitude cristã: condenar o pecado e acolher o pecador, oferecendo-lhe a possibilidade de uma vida nova.
O que causa toda essa repercussão, pelo fato do lançamento de um “livro” por um reeducando, é justamente por muitos não crerem nessa possibilidade. O que coloca em choque não apenas a fé cristã, mas também o judiciário. Como fica então a prática do evangelho: “estava na prisão e viestes a mim? ”
O Deus que consola os familiares das vítimas, é o mesmo Deus que perdoa e não desiste da salvação de todos nós pecadores.
Pe. Luiz Augusto