“Seria enterrado como indigente”, diz mãe de desaparecido há 23 dias
Família reclama que Polícia Civil não informou que o corpo havia sido encontrado mesmo com registro de ocorrência, ligações e idas ao IML
atualizado
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Rio de Janeiro – Raphael do Carmo Silva, 30 anos, estava sendo procurado pela família desde o dia 17 de fevereiro, quando desapareceu em Piabetá, município de Magé, baixada fluminense do Rio. Na sexta-feira (11/3), o padrasto descobriu que o corpo estava no Instituto Médico Legal (IML) há 15 dias.
Diariamente, Rosângela do Carmo, mãe do rapaz, o padrasto e o irmão ligavam diariamente para os IMLs, hospitais e delegacias da região em busca de notícias. A resposta era sempre a mesma: não tem ninguém com essas características. Nenhum Raphael deu entrada.
Depois de 22 dias de peregrinação, a família descobriu que Raphael chegou ao Hospital Adão Pereira Nunes no dia 21 de fevereiro, sem identificação. Ele estava muito ferido, baleado e não conseguia falar. No dia 24, veio a óbito e foi transferido para o IML, onde foi colhido material para possibilitar sua identificação.
Por meio das digitais, o corpo foi identificado como sendo de Raphael do Carmo Silva.
Duas semanas
Na sexta-feira (11/3), o padrasto do rapaz decidiu procurar por ele mais uma vez no IML de Duque de Caxias. Foi quando recebeu a notícia de que o corpo do homem estava lá há 15 dias. A família afirma que, em momento algum, foi notificada a respeito dessa situação.
“Fomos ao IML e ouvimos que se a gente não tivesse chegado, ele teria sido enterrado. Meu filho seria enterrado como indigente neste final de semana”, disse ao Metrópoles Rosângela do Carmo, mãe de Raphael.
A família conta que chegou a ser repreendida no IML porque o corpo estava em decomposição e ninguém foi até lá para fazer a retirada.
“Tenho várias chamadas telefônicas provando que eu ligava diariamente. Meu marido também foi várias vezes até o IML. Na delegacia me informaram que não era para eu me preocupar porque se a delegacia encontrasse o corpo, iriam me avisar. Ou seja, se eu ficasse esperando, até hoje não saberia que meu filho estava morto. E, de boa, eu só vou acreditar que é ele quando eu ver, porque ninguém deixou a família fazer o reconhecimento”, disse a mãe de Raphael.
Devido ao estágio de decomposição, o IML de Caxias não permitiu que a família fizesse o reconhecimento do corpo.
Sem explicação
Raphael do Carmo era casado, pai de cinco filhos, evangélico e trabalhava fazendo bicos como pedreiro. Ele desapareceu no dia 17 de fevereiro após deixar esposa e filho no hospital. Desde então não foi mais visto.
“A gente quer saber o que aconteceu. Ninguém sabe o motivo, como, onde, quem fez isso. A gente só sabe que ele partiu. Não explicaram nada “, disse à reportagem Ronald Carmo, irmão de Raphael.
Além do luto, agora a família enfrenta a burocracia para enterrar o rapaz. Na hora que foi feito o registro de óbito, colocaram que Raphael seria enterrado em Duque de Caxias, mas a família é de Guapimirim e depende do enterro gratuito que é feito por outra prefeitura.
Agora a família depende de uma liminar para fazer a mudança no documento e aí sim, enterrar Raphael. A previsão é que o velório aconteça na próxima segunda-feira (14/3).
O caso de Raphael estava sendo investigado pelo setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para esclarecimentos a respeito do caso, mas, até a publicação desta reportagem, não teve retorno.