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“Senti o barro passar nas costas”, diz sobrevivente de Brumadinho

Laci de Carvalho voltava do almoço quando ouviu colegas gritando para ele fugir. O homem subiu em um barraco para salvar-se

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Laci de Carvalho, Brumadinho
1 de 1 Laci de Carvalho, Brumadinho - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Enviados especiais a Brumadinho (MG) – Motorista da Vale há 15 anos, Laci de Carvalho, 58, viu a vida passar diante dos seus olhos no dia 25 de janeiro. Ele estava a poucos metros da barragem que cedeu na Mina Córrego do Feijão. Mancando e muito emocionado, o funcionário conta que escapou da enchente de lama correndo. “Eu ouvi meus amigos gritando desesperados para eu correr. Subi em um barraco e senti o barro passando nas minhas costas”, lembrou.

Ele voltava do almoço dirigindo uma van quando ouviu um forte barulho ao chegar no canteiro de obras localizado abaixo da barragem. “No momento que eu encostei o carro, ouvi aquele imenso estrondo. Falei para os meus colegas saírem porque estava estranho e começou a surgir muita poeira. O meu cinto ficou um pouco preso e tive que fazer esforço para sair. Corri tanto que a minha perna está inchada até hoje”, relatou.

Dois amigos de Laci não tiveram a mesma sorte. Eles não conseguiram sair da caminhonete e foram engolidos pela lama. “Não consigo tirar essa imagem da cabeça. Não pude salvá-los. Éramos uma família e não consegui fazer nada. Até hoje consigo ouvir os gritos de todos, estávamos apavorados”, contou.

Pai de dois filhos, Laci é morador de Brumadinho e ainda tenta entender a proporção do desastre. “Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Funcionários, diretores, gerentes, todos trabalhavam ali. Ficavam naquele local todos os dias.”

Buscas interrompidas
O Corpo de Bombeiros suspendeu, nesta segunda-feira (4/2), as buscas por vítimas. Uma forte chuva atinge a região do desastre desde a madrugada. Após as precipitações, será feita uma vistoria aérea para identificação de locais que permitam a retomada dos trabalhos.

Igo Estrela/Metrópoles

Até esse domingo (3/2), a tragédia contabilizava 121 mortos, dos quais 114 foram identificados. Ao todo, 226 pessoas continuam desaparecidas

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