“Sensação de impunidade”, diz mãe de Miguel sobre liberdade de Sarí
Mirtes Renata de Souza, mãe de criança morta em 2020, cobra justiça e diz que, se fosse ela a condenada, estaria presa: “Não sou branca”
atualizado
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Mirtes Renata de Souza segue revivendo a tragédia de 2 de junho de 2020, quando perdeu seu filho, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, vítima de uma queda do nono andar de um prédio de alta classe em recife (PE) após descuido da patroa da mãe, que estava responsável por ele. Dois anos depois, mesmo com Sarí Côrte Real tendo sido condenada a 8 anos e 6 meses de prisão por abandono de incapaz, a mãe de Miguel ainda sente uma sensação de injustiça.
A última notícia relativa ao caso foi que a Justiça de Pernambuco negou pedido dos advogados de Mirtes para que Sarí fosse presa por não informar no processo que mudou de endereço, o que seria uma quebra da fiança. Condenada em primeira instância, Sarí recebeu o direito de recorrer em liberdade.
“Quando eu li a sentença, me bateu tristeza e uma sensação de impunidade”, diz Mirtes, em entrevista para a revista Marie Claire. Para o juiz que analisou o pedido, não há fatos novos que justifiquem uma revisão da situação de Sarí Côrte Real.
“Há fatos novos, sim”, protesta Mirtes. “Sarí quebrou a fiança e não reside mais no mesmo local. Conseguimos uma prova que ela quebrou a fiança, se mudou das Torres Gêmeas e não informou ao Judiciário”, diz, adicionando que o paradeiro da mulher que deixou seu filho entrar sozinho em um elevador é desconhecido da Justiça.
Mirtes mantém uma página no Instagram para divulgar notícias sobre o caso e militar por justiça e contra o racismo estrutural.
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O racismo, para Mirtes, tem peso em sua batalha judicial contra a mulher que deixou seu filho sozinho antes que ele pulasse de uma janela no nono andar. “Se fosse eu que tivesse feito isso [abandonar um incapaz], estaria presa, porque não sou rica, não sou branca”, protesta ela.