“Sensação de dever cumprido”, diz mãe de menina agredida por Jairinho
Vereador carioca foi indiciado por ter torturado filha de cabeleireira que se relacionou com o padrasto de Henry de 2010 até 2014
atualizado
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Rio de Janeiro – A cabeleireira Natasha de Oliveira Machado, que conheceu Jairinho em 2010 e chegou a ficar noiva do vereador carioca, com quem manteve relacionamento até 2014, disse ao Metrópoles que está “aliviada” com o indiciamento do político pelo crime de tortura.
Na tarde desta sexta-feira (30/4), a Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), por ter agredido a filha de Natasha. Hoje, a menina tem 13 anos.
“Estou com a sensação de dever cumprido. A justiça foi feita. Agora, vamos aguardar para as coisas acontecerem”, contou.
Quando o caso Henry Borel Medeiros veio à tona, Natasha entrou em contato com o engenheiro Leniel Borel de Almeida Júnior, pai do menino de 4 anos, e narrou, por meio de uma rede social, que sua filha também havia sofrido agressões por parte de Jairinho. A cabeleireira diz que segue em frente e evita reviver essa época das torturas.
“Eu prefiro não envolver minha filha nessa história, ela já sofreu demais. Tentamos não reviver o que aconteceu. Evitamos ver televisão e saber das coisas”, disse.
Natasha e sua filha foram ouvidas pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) após a divulgação do caso Henry e também por investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca), que apura a morte do garoto.
A menina, que tinha cerca de 4 anos quando era agredida por Jairinho, contou que o então padrasto bateu a cabeça dela contra a parede do box de um banheiro. Relatou ainda ter sido pisada pelo vereador enquanto nadava no fundo de uma piscina para que ela não conseguisse emergir.
Freada brusca
Ouvida pelos investigadores, a avó da criança relatou que, ao questionar o político carioca sobre um machucado na testa da menina, ele respondeu que o ferimento foi provocado por uma batida no console do carro após freada brusca durante ida a um shopping. Em outra ocasião, disse a avó, a garota chegou com o braço imobilizado e Jairinho afirmou que a enteada teria se lesionado no decorrer das aulas de judô.
A avó afirmou ter estranhado o comportamento da neta quando ela lhe agarrou e, chorando e vomitando, pediu para que não a deixasse sair sozinha com o padrasto. Cerca de oito meses depois, ao assistir a um programa de televisão que abordava casos de violência doméstica, a menina admitiu as agressões sofridas.
Em relação à filha da cabeleireira, o vereador disse que eles tinham uma relação “amistosa” e não mantinha com a menina “grau de intimidade”, negando que tenha saído sozinho com a criança ou a levado a qualquer lugar que tivesse piscina.
Também contestou as informações de que teria torcido o braço da enteada, dado “mocas” (cascudos) em sua cabeça e colocado um saco em seu rosto para sufocá-la.