Senadores do PT criticam Maduro: “Sem transparência não há democracia”
Postura de Paulo Paim (PT-RS) e Fabiano Contarato (PT-ES) diverge da adotado pela sigla, que em nota falou em pleito “democrático”
atualizado
Compartilhar notícia
Senadores do Partido dos Trabalhadores (PT) criticaram nesta terça-feira (30/7) a falta de transparência na divulgação do resultado eleitoral na Venezuela, divergindo da nota da Executiva Nacional do partido, que chamou a reeleição de Nicolás Maduro de “democrática e soberana”. Paulo Paim (PT) e Fabiano Contarato (PT-ES) foram ao X dizer que “sem transparência não há democracia” em um posicionamento oposto ao adotado pelo partido na segunda (29/7).
Logo no início desta terça, Contarato declarou que nenhum resultado pode ser reconhecido “enquanto as exigências mínimas de transparência não forem satisfatoriamente atendidas”.
“Um resultado que eventualmente confronte a vontade popular manifestada nas urnas não só será ilegítimo, como também lançará o país no abismo!”, disse o senador no X.
Paim também seguiu na mesma linha e disse que a situação da Venezuela é “gravíssima” e “lamentável”.
“A situação na Venezuela é gravíssima e lamentável. Espero por dias melhores para o seu povo e para o país como um todo. Sem transparência no processo eleitoral, liberdade política e de expressão, e respeito aos direitos humanos, não há democracia”, argumentou o parlamentar, também no X.
Antes da publicação da nota, o vice-líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), já havia chamado Maduro de “ditador”. “Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador”, escreveu Reginaldo Lopes na rede social X.
Na nota de segunda (29), o PT falou em “jornada pacífica, democrática e soberana”.
“O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela”, diz um trecho.
Depois de líderes mundiais manifestarem insatisfação com a condução das eleições presidenciais da Venezuela, Maduro determinou a expulsão de sete diplomatas de nações que contestaram o resultado do pleito.
Lula em silêncio
Apesar de seu partido ter reconhecido o triunfo de Maduro, o presidente Lula Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não se pronunciou sobre eventual vitória do presidente do país vizinho.
O Ministério das Relações Exteriores informou, em nota publicada na segunda, que “acompanha com atenção o processo de apuração” e aguarda a divulgação de informações mais detalhadas sobre os resultados.
O órgão reafirmou o “princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”.
Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial do presidente da República do Brasil para assuntos internacionais, esteve na Venezuela durante o pleito eleitoral. Ele está retornando ao Brasil nesta terça para colaborar na formalização da posição brasileira em relação ao resultado.
Antes de voltar a solo brasileiro, Amorim se reuniu com as equipes de Nicolás Maduro e Edmundo González, candidato da oposição no país.
Na segunda, o Itamaraty pediu que brasileiros residentes, a caminho ou com viagem marcada para a Venezuela mantenham-se atentos sobre a situação de segurança no país.