Senador paraguaio é cassado após pedir morte de brasileiros
O ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo, apresentou uma denúncia contra ele por agredir os policiais
atualizado
Compartilhar notícia
O Senado paraguaio cassou nessa quinta-feira (28/11/2019) o mandato do senador Paraguayo Cubas, acusado de incitação ao crime, incluindo o genocídio de brasileiros. Segundo os parlamentares, ele usou influência de maneira indevida e violou o decoro do cargo.
“Tem de matar aqui pelo menos 100 mil brasileiros bandidos”, disse Cubas, em vídeo gravado na última segunda-feira (25/11/2019).
Em um segundo vídeo, gravado logo depois, ele ataca policiais que, segundo Cubas, estavam protegendo os brasileiros. As imagens foram gravadas durante a ação da polícia paraguaia na fazenda de um brasileiro no município de Minga Porã, Departamento do Alto Paraná.
Em seguida, no mesmo dia, o ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo, apresentou uma denúncia contra ele por agredir os policiais, que supostamente pretendiam liberar três caminhões apreendidos por transportar madeira cortada ilegalmente na fazenda. Os caminhões foram contidos por moradores da região.
Cubas também foi acusado de atropelar uma comissária e ameaçar impedir o acesso do chefe de polícia a Ciudad del Este, a 330 quilômetros a leste de Assunção, usando o cargo. Isso foi considerado tráfico de influência pelos 23 senadores que votaram a favor da expulsão — houve três abstenções, um contra e 18 ausentes em um total de 45 senadores.
Em um trecho da gravação, o senador, que se diz anarquista, afirma que os brasileiros são “bandidos, invasores que estão desflorestando o país”. “Sabem quantos brasileiros tem no nosso país? Dois milhões. Desses, 100 mil são bandidos e tem de matar. Paredão para esses brasileiros desgraçados que fazem isso.”
As imagens foram amplamente reproduzidas pelos sites e nelas Cubas é visto chutando o carro dos policiais e dando um tapa na cabeça de um deles. O ministro informou que formalizaria a denúncia ao Congresso e ao Ministério Público.
Segundo Acevedo, com base no que disseram as testemunhas e em documentos, tanto a carga quanto os caminhões não estavam irregulares. O ministro se referiu a Cubas como um “provocador profissional e desequilibrado” e afirmou que o comportamento não ficaria impune.
Xenofobia
Os senadores paraguaios acusam o colega, conhecido no país como “Payo” de comportamento xenófobo. Estima-se que no Paraguai, com 7 milhões de habitantes, vivam cerca de 1 milhão de cidadãos de origem brasileira, principalmente colonos de terras dedicadas à agricultura e à pecuária no leste do país.
“Os produtores estão indignados com a atitude desse senador, que encoraja a xenofobia contra os brasileiros. Viemos ao Paraguai para trabalhar a convite do governo paraguaio”, afirmou nessa quinta o presidente da associação de produtores de soja, o brasileiro Eno Michels, em visita ao Senado.
O presidente da União Industrial da Paraguai, Gustavo Volpe, que acompanhou os produtores, considerou que Cubas ultrapassou “todos os limites aceitáveis”. “Não podemos ter representantes dessa natureza no Congresso, pessoas que tentem provocar um conflito com o Brasil.”
Cubas, o único senador do partido opositor minoritário de esquerda Cruzada Nacional, já foi penalizado em abril com suspensão de 60 dias por fazer provocações verbais ao senador e então presidente do Congresso, Silvio Ovelar. Na sessão anterior, Cubas jogou água em vários dos colegas, entre eles o ex-presidente Fernando Lugo (2008-2012).
Após a expulsão, o senador postou uma foto no Twitter com uma mensagem de despedida. “Saindo do obscuro Parlamento. Rumo ao país que todos nós merecemos.” No Facebook, ele fez uma live e disse que a destituição foi ilegal, uma vez que ele não teve direito de defesa. (Com agências internacionais)