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Sem vacina definida, governo planeja estratégia de imunização contra Covid-19

Nesta terça-feira, um grupo de trabalho se reúne para discutir critérios, como as responsabilidades dos municípios, estados e da União

atualizado

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Porta de sala do ministério saúde
1 de 1 Porta de sala do ministério saúde - Foto: Hugo Barreto/Metropoles

Sob tensão devido ao aumento de infectados por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Ministério da Saúde busca arquitetar um plano de imunização contra a enfermidade. Inicialmente, o governo descarta vacinação em massa da população em 2021. Dessa forma, a meta idealizada pela pasta é de imunizar cerca de 80 milhões de indivíduos.

A vacinação focará em grupos de risco para a doença. Segundo técnicos do órgão, o planejamento não prevê a imunização de todas as faixas etárias – o ministério entende que não haverá doses para proteger toda a população.

Os segmentos com maiores riscos de evoluir para um quadro grave serão priorizados. Nesse universo, estão pessoas idosas e com comorbidades, por exemplo. Trabalhadores da saúde também serão vacinados antes.

No entanto, enquanto países como Estados Unidos e a Inglaterra anunciam que suas populações receberão as primeiras doses já nas próximas semanas, o governo brasileiro tenta montar o calendário de imunização sem saber quais serão as vacinas disponíveis para serem aplicadas.

Os países mais ricos do mundo apostaram em uma carteira variada de imunizantes, fazendo reservas antecipadas dos vacinas, quando elas ainda estavam em desenvolvimento. O Brasil, por sua vez, concentrou suas fichas na iniciativa de Oxford e, agora, tenta planejar cenários que disponibilizem as doses o quanto antes.

Na última semana, os resultados dos ensaios clínicos de Oxford foram questionados, e o CEO do laboratório AstraZeneca, Pascal Soriot, admitiu que será necessária uma complementação nos testes de eficácia. O contratempo trouxe incertezas para o calendário nacional.

As principais vacinas em desenvolvimento no Brasil são a da Universidade de Oxford e do AstraZeneca e a CoronaVac – esta última é fruto de parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório Sinovac.

Logística de distribuição

Apesar da indefinição sobre as vacinas, nesta terça-feira (1º/12) um grupo de trabalho organizado para o plano se reúne com o objetivo de discutir alguns critérios, como as responsabilidades dos municípios e estados, e de como isso será organizado pela União.

Já está estipulado que as doses serão enviadas aos estados, os quais farão a logística de distribuição nas cidades. A partilha será absorvida pela rede de frio nacional, no formato de campanha.

O governo analisa diferentes cenários. A decisão levará em conta as vacinas candidatas. Mas existe a dificuldade em definir uma estratégia devido ao fato de as autoridades da Saúde não saberem qual será o imunizante usado, quais necessidades de armazenamento e quantas doses serão necessárias.

A maior parte das vacinas usadas na rotina fica armazenada em temperaturas que variam de 2ºC a 8ºC. Manter os imunizantes abaixo de -70ºC, conforme exigência do produto desenvolvido pela Pfizer, é uma situação difícil até para países desenvolvidos.

Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia quatro pedidos de registro de possíveis vacinas. O órgão tem até 20 dias para analisar os documentos.

A intensão do governo é iniciar a imunização ainda no primeiro trimestre do próximo ano. “Começar a campanha dependerá da compra das doses, da distribuição aos estados e da organização da rede”, explica um técnico que participa das discussões no Ministério da Saúde.

Ao todo, o governo brasileiro pretende oferecer, no primeiro semestre de 2021, cerca de 142 milhões de doses das vacinas contra o novo coronavírus. Esse é o número dos acordos firmados até agora – um com a Oxford/Astrazeneca e outro com a Covax Facility. Até o fim do próximo ano, no entanto, o montante deve chegar a 300 milhões de imunizações.

“Seguir os trâmites”

Segundo o Ministério da Saúde, o governo irá imunizar, “tão logo uma vacina segura seja disponibilizada”, os grupos com maior risco de desenvolver complicações e óbitos decorrentes da doença e as populações mais expostas ao vírus.

“O país, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), conta com grande expertise na realização de campanhas de vacinação, e esse conhecimento, inclusive na logística, será utilizado na imunização contra a Covid-19 – que seguirá os trâmites já realizados nas campanhas do Sistema Único de Saúde (SUS)”, assinala a pasta, em nota.

Segundo o Ministério da Saúde, a estratégia de imunização é construída com a ajuda da Anvisa, do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz, do Instituto Butantan, do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), de sociedades médicas, conselhos federais da área da saúde, Médicos Sem Fronteiras e integrantes dos Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e Conasems).

Baixas temperaturas

Na Inglaterra e nos Estados Unidos, serão aplicadas doses da vacina Pfizer/BionTech, que já pediu autorização emergencial nas agências reguladoras dos dois países. Nesta semana, a gigante farmacêutica, primeira a anunciar resultados da fase 3, também iniciou o processo de registro no Brasil. A dificuldade, entretanto, é garantir a logística necessária, pois a tecnologia empregada no imunizante exige temperaturas baixíssimas.

Em nota ao Metrópoles, o Ministério da Saúde afirmou que pretende assinar cartas de intenção não vinculantes com outras empresas para permitir a aquisição de vacinas, mas reforçou que os contratos de compra somente poderão ser assinados após registro na Anvisa, autorização regulatória e devida incorporação ao SUS.

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