Sem saída econômica para o Carnaval, escolas demitem e fecham barracões
Segundo o colunista Leo Dias, Beija-Flor de Nilópolis e Grande Rio dispensaram seus funcionários
atualizado
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Rio de Janeiro – Sem saída para bancar os custos em meio à pandemia e com o anúncio do cancelamento do Carnaval feito pelo prefeito Eduardo Paes, manter os empregos e garantir a estrutura dentro dos barracões das escolas de samba do Rio de Janeiro virou uma missão quase impossível, conforme publicou Leo Dias com exclusividade para o Metrópoles na noite desta quinta-feira (21/1).
Mesmo com as receitas por meio de lives, feijoadas e venda de camisas, as agremiações estão passando por dificuldades financeiras nunca antes vistas no mundo do samba. Enquanto não vislumbram medidas para bancar uma das maiores tradições culturais do Estado do Rio de Janeiro, recuar virou o caminho.
As escolhas de samba, que eram feitas pela internet, foram canceladas. O batuque foi silenciado na Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel. A Unidos da Tijuca, em comunicado, se despediu e promete voltar só no próximo ano.
A Mocidade Independente de Padre Miguel foi mais longe: fechou o barracão. “Após o anúncio do cancelamento do Carnaval 2021 por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Mocidade Independente de Padre Miguel informa que a disputa de samba referente ao enredo ‘’Batuque ao Caçador’’ está suspensa. Desde o início do isolamento social em virtude da pandemia de Covid-19, a agremiação não havia realizado eventos ou lives até a última quarta-feira (20/1), e suspendeu qualquer expediente de trabalho em seu barracão. O planejamento para o próximo desfile só será retomado com as devidas condições sanitárias e o avanço da vacinação em território nacional”, anunciou.
Segundo o colunista Leo Dias, Beija-Flor de Nilópolis e Grande Rio — duas das mais ricas agremiações do Rio — já demitiram suas equipes na tarde desta quinta-feira (21/1).
A Vila Isabel anunciou o cancelamento das eliminatórias do samba previstas para este sábado. “O cancelamento leva em consideração o avanço da pandemia Covid-19 pela cidade do Rio de Janeiro. A escola entende que nesse momento, mesmo cercada de todos os cuidados, não é oportuno realizar a apresentação dos sambas concorrentes. Por enquanto, as 16 obras inscritas seguem disponíveis em nosso site oficial para que torcedores e admiradores possam ouvir e escolher o seu samba favorito”, justificou em um dos trechos do comunicado. No próximo Carnaval a Unidos de Vila Isabel homenageará Martinho da Vila com o enredo “Canta, Canta, Minha gente! A Vila é de Martinho!”.
A Portela também suspendeu seu concurso. “Com a decisão da prefeitura do Rio de que o Carnaval de julho de 2021 está definitivamente cancelado, a Portela decidiu suspender temporariamente seu concurso interno para a escolha do hino oficial do seu próximo desfile. Com isso, o evento interno programado para próximo domingo (24/1), que seria transmitido pelo canal da escola no YouTube, também está cancelado”, alegou a escola em seu anúncio. O enredo é “Igi Osè Baobá”, sobre o simbolismo da árvore sagrada de origem africana.