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Sem incentivo local, Brasil exporta profissionais no mercado de games

Apesar de ter um mercado amplo, o país vê os designers de jogos buscarem melhores oportunidades no exterior

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Carol Yepes/Getty Images
Jogos de videogame
1 de 1 Jogos de videogame - Foto: Carol Yepes/Getty Images

O Brasil exportou US$ 53 milhões em games e faturou US$ 2,18 bilhões com o mercado de jogos eletrônicos em 2021. Uma fração do multibilionário setor mundial, que, até o ano que vem, deve ultrapassar a marca dos US$ 200 bilhões. Além de ser o quinto país que mais consome jogos, o mercado brasileiro é o 13º maior desenvolvedor do mundo.

O coordenador do curso de produção multimídia do Centro Universitário Fiap, de São Paulo, Gabriel Cavalcanti, explica que existe um movimento forte de fuga de cérebros nesse setor. Isso quer dizer que os profissionais mais promissores são atraídos por empresas, muitas vezes multinacionais, para fora do país. 

O cenário é um mau sinal para o mercado do país de origem: significa que as condições não são atrativas. Ou, pelo menos, não são suficientes para “segurar” o indivíduo. Cavalcanti cita como exemplo o diretor de arte do jogo “God of War 4”, Rafael Grassetti, brasileiro contratado pela produtora de jogos Sony. 

O professor Elias Filho, do curso de jogos digitais do Centro Universitário Iesb, de Brasília, também nota que a maior parte das oportunidades no mercado estão fora do país, mas aponta que, em grande parte das vezes, é possível trabalhar em home office, ou remoto, do Brasil para fora.

Cavalcanti ressalta que o mercado brasileiro é amplo e que a comunidade brasileira abraça os jogos nacionais. Lembra que há suporte grande em games específicos e diz que, por existirem diversos nichos, o jogo pode deslanchar, se o desenvolvedor tiver acesso a youtubers e influenciadores, que serviriam como publicidade. Elias Filho destaca que, hoje, o acesso a jogos produzidos por pequenas produtoras e grupos está mais fácil. 

Cavalcanti afirma que, no entanto, o produto nacional acaba chamando menos atenção, muitas vezes pelo que chamou de “gap de qualidade”. Mesmo com boas ideias, o produto entregue para o consumidor final não chega com a qualidade que poderia ter.

Ele explica que o acesso a softwares de desenvolvimento, por exemplo, pode chegar a custar R$ 4.000 por licença. “Faltam incentivo, investimento e atração de investidores para o mercado brasileiro”, opina.

Futuro

Gabriel Cavalcanti vê no horizonte forte popularização da realidade virtual e aumentada. Hoje em dia, já existem títulos que exploram essas tecnologias, mas a fatia de público que joga ainda é minoritária. No mercado, a mecânica dos jogos para que essas tecnologias funcionem e se integrem deve, segundo o professor, ser cada vez mais importante nas produtoras.

Elias Filho concorda que essa área está e deve continuar em alta por um longo tempo. Pondera que o valor dos equipamentos é um impasse, por ser necessária uma quantia considerável para manter o equipamento para jogar, mas diz que tem muito potencial de expansão no mercado.

Cavalcanti opina que jogos mais longos, com uma duração muito maior, devem estar no radar. Enquanto isso, Filho prevê cada vez mais games com gráficos melhores e com maior interatividade, isto é, que o jogador consiga interagir com elementos e personagens de forma mais fluida. 

Como entrar no mercado

Há empresas que liberam o software e dão suporte para os jogadores começarem no mercado. Mesmo assim, defende Cavalcanti, é muito importante que, para além da experiência adquirida por conta própria, o futuro desenvolvedor de jogos busque formação acadêmica. Além de aprender sobre plataformas e softwares com mais profundidade, por lá, o aluno cria portfólio, coisa essencial para quem começa uma carreira.

Algumas das áreas da produção dos games mais emergentes e que são imprescindíveis hoje são: programação; inteligência artificial; e arquitetura, para desenvolver os cenários, por exemplo. O desenvolvimento de jogos é uma tarefa multidisciplinar que envolve desde o curso de desenvolvimento de sistemas até o de produção multimídia. Além disso, a produção de jogos digitais abarca profissionais da música, desenho e modelagem 3D, por exemplo.

O professor Elias Filho recomenda que os interessados em determinada área da “linha de montagem” se especializem e estudem algum software ou linguagem de programação específica. Mas, acima de tudo, assinala que gostar de jogar é essencial. Por meio do hábito de player, o futuro desenvolvedor aprende sobre regras, dinâmica do jogo, como é o estilo da estrutura do game, entre outros detalhes imprescindíveis no desenvolvimento.

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