Sem doses da AstraZeneca, SP ameaça ir ao STF. Ministério contesta
De acordo com o governo de São Paulo, faltam 1 milhão de doses para a segunda aplicação; na capital, o déficit é de 200 mil unidades
atualizado
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São Paulo – O governador João Doria (PSDB) cobrou do Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (10/9), a entrega de 1 milhão de unidades da vacina da AstraZeneca para aplicação da segunda dose. Caso não receba mais remessas do imunizante, o gestor estadual ameaça entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde quinta-feira (9/9), o estado e a capital enfrentam falta generalizada do imunizante para completar o esquema vacinal da população. Para o governo paulista, a culpa é da administração federal.
Doria disse que, se não houver disponibilidade de AstraZeneca, que o governo federal forneça a Pfizer, fórmula que pode ser aplicada como segunda dose em quem tomou a primeira do imunizante da Fiocruz. De acordo com o governador, o Ministério da Saúde informou, por telefone, que deve enviar novas vacinas até terça-feira (14/9).
“Ontem foram enviados dois ofícios ao Ministério da Saúde. Esse não é um problema só de São Paulo, é do país. É inaceitável que, no meio de uma pandemia, ainda tenhamos problemas na entrega de vacinas, e que, por circunstâncias que eu desconheço, o governo federal não consiga atender às programações que o próprio Ministério da Saúde informa. Isso assusta as pessoas e evidentemente coloca em risco a saúde da população”, afirmou Doria.
Já o prefeito da capital, Ricardo Nunes, disse que hoje faltam 200 mil doses da AstraZeneca na cidade para a segunda dose, e que, na segunda-feira (13/9), faltarão mais 140 mil, totalizando um déficit de 340 mil unidades do fármaco.
“Que venha Pfizer”
“O cômputo geral de pessoas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e precisam tomar a segunda dose é de 1,721 milhão de pessoas. Mas tivemos hoje um contato por telefone no qual informaram que, na segunda ou terça, o ministério deve encaminhar um lote. É uma informação de contato telefônico, mas a situação de hoje é essa. Se não vier AstraZeneca por falta de produto, que venha a Pfizer”, afirmou.
Doria disse que, caso o governo federal não entregue as doses até terça, vai acionar o STF. “Triste país que temos que recorrer à Justiça para ter respeito pela saúde e pela vida dos brasileiros”, falou.
Procurado pelo Metrópoles, o Ministério da Saúde disse que, até o momento, foram entregues ao estado 12,4 milhões de unidades da AstraZeneca para a primeira aplicação e 9,2 milhões de frascos para a segunda.
A pasta federal afirmou que não enviou 2,8 milhões a São Paulo porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no fim do mês. Além disso, o órgão acusa o estado de ter usado doses destinadas à segunda aplicação na primeira.
“Dados inseridos por SP no LocalizaSUS mostram que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à D2. O estado aplicou 13,99 milhões de dose 1 e 6,67 milhões de D2. As alterações nas recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) acarretam a falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira”, afirma a nota do Ministério da Saúde.
O prefeito Ricardo Nunes negou a acusação. “A Prefeitura de São Paulo não utilizou vacina da AstraZeneca de segunda dose como primeira dose. A cidade de São Paulo não utilizou qualquer uma das vacinas de segunda dose como primeira dose, em hipótese nenhuma”, falou.
Ele disse que, há três meses, autorizou por três dias a inoculação da segunda dose do imunizante para recompor a falta da primeira aplicação, mas que essa foi uma situação excepcional. “Fora isso, não houve aplicação de segunda dose na primeira dose.”
Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19, informou ao Metrópoles que 1 milhão de pessoas aguardam para tomar a segunda dose de AstraZeneca no estado de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a população deve consultar os municípios para verificar pontos de vacinação que ainda têm AstraZeneca.