Sem compra própria de vacina, prefeitura de São Paulo entrega leitos
Prefeitura gostaria de vacinar mais, mas sem aval para programa próprio, Secretaria de Saúde inaugura mais hospitais
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A cidade de São Paulo está vacinando 120 mil pessoas por dia contra a Covid-19. Mas se a capital pudesse comprar a própria vacina, Edson Aparecido, secretário de Saúde municipal, estima que a taxa de vacinados poderia subir para 600 mil, diariamente.
Durante a campanha de vacinação de gripe, essa foi a taxa de vacinação na capital paulista no ano passado. “A gente já vacinou cinco milhões de pessoas em 20 dias, em 2020”.
Bruno Covas (PSDB) e Aparecido gostariam de vacinar todas as pessoas acima de 60 anos até a virada de abril para maio. Entretanto, para isso, dependem de um maior aporte de imunizantes vindos do governo federal —que comprou apenas a vacina Oxford/Astrazeneca.
“Mas a quantidade de vacinas que estamos recebendo não é satisfatória”, afirma Aparecido, que chegou a formalizar a compra de 5 milhões de doses de vacinas da Janssen, da Johnson&Johnson, em março.
No entanto, a Procuradoria-Geral de São Paulo teme que a carga poderia ter que ser repassada ao Ministério da Saúde, pelos termos atuais do Plano Nacional de Imunização.
Especialistas do Ministério da Saúde estabeleceram essa regra para evitar distorções de vacinação entre estados e municípios mais ricos dos mais pobres. Uma vacinação desigual poderia afetar o efeito imunizante coletivo desejado.
Enquanto não sai uma definição sobre um possível Programa Municipal de Imunização, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo inaugura mais leitos em hospitais para desafogar o sistema.
Parceria público-privada
Nesta quinta-feira (15/4), a Prefeitura de São Paulo entregou o Hospital de Transição Profª Lydia Storópoli, instalado na unidade da Universidade Nove de Julho (Uninove), que fica na Rua Vergueiro, na região central da capital.
O hospital conta com 212 leitos, sendo 190 de enfermaria, 20 de UTI e dois de estabilização. A unidade se chama de “transição” porque receberá prioritariamente pacientes que estão se recuperando da Covid-19 nos hospitais municipais, mas ainda não podem receber alta.
“Primeiramente, vamos levar pacientes que hoje ocupam as AMAs e UPAs, que durante março ficaram muito lotadas. Depois deles, virão os pacientes que estão no Cross”, afirmou Edson Aparecido, que afirma que o local começará a receber pessoas no sábado (17/4).
O hospital está dentro de um andar de uma universidade privada e será administrado por uma organização social, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nesta parceria, a Uninove entra com a estrutura hospitalar, enquanto a Prefeitura é responsável por oxigênio, insumos e medicamentos, além dos profissionais, que serão contratados via SPDM.
Enquanto a Uninove bancou R$ 18 milhões no hospital, o município investiu R$ 3,5 milhões. Além disso, as despesas da unidade são estimadas em R$ 8,5 milhões por mês. Após a pandemia, Edson Aparecido diz que o local continuará a servir o município.