Selic poderá ser elevada na próxima reunião do Copom, diz projeção
Análise das projeções do mercado mostra que a probabilidade de a Selic permanecer em 10,50% ao ano na próxima reunião do Copom é de 27,4%
atualizado
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Um levantamento semanal que analisa projeções do mercado financeiro mostra que a taxa básica de juros, a Selic, tem apenas 27,4% de probabilidade de continuar inalterada na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para 17 e 18 de setembro.
É o que mostra o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), da Equus Capital, ao qual o Metrópoles teve acesso. A pesquisa foi feita nessa segunda-feira (26/8) após o Relatório Focus.
Ainda conforme a pesquisa, há quase 73% de chance de o BC optar por aumentar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto percentual na próxima reunião do comitê.
Atualmente, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, após o Banco Central decidir manter, pela segunda vez seguida, o valor na última reunião do Copom, realizada em 31 de julho.
Em 3 de agosto de 2023, o BC iniciou o ciclo de queda dos juros, com seis cortes seguidos de 0,50 ponto percentual. Contudo, em maio, o comitê decidiu reduzir o ritmo das reduções, com um corte de 0,25 ponto percentual. Com isso, a Selic chegou aos 10,50% ao ano e permaneceu inalterada.
O que uma alta dos juros significa?
Uma eventual elevação da Selic trata-se de uma manobra do Banco Central para conter a inflação, o que resulta em redução do consumo e dos investimentos no país. Enquanto que uma eventual redução significa estimular a atividade econômica, com alta no consumo e investimentos.
Ao todo, o Comitê de Política Monetária tem oito reuniões ao ano para definir a taxa básica de juros. As últimas três reuniões de 2024, de acordo com calendário do BC, estão marcadas para:
- 18 e 17 de setembro;
- 5 e 6 de novembro; e
- 10 e 11 de dezembro.
Para o economista Volnei Eyng, a possibilidade de manutenção ou até aumento da taxa de juros ainda em setembro é “real” devido ao cenário inflacionário.
Ele analisa que a combinação da volatilidade externa — com alta do dólar — e da incerteza fiscal interna sugere que o BC manterá uma “postura cautelosa” e poderá elevar a “Selic para controlar a inflação e atrair capital estrangeiro, visando proteger a moeda nacional”.
Segundo o economista André Colares, “a inflação ainda elevada no Brasil mantém a pressão sobre o Banco Central para manter ou até elevar a Selic para conter pressões inflacionárias”.
BC “não hesitará” em elevar Selic
Na ata da última reunião do Copom, realizada entre 30 e 31 de julho, o BC afirmou que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta, se julgar apropriado”.
Tal narrativa tem sido reforçada publicamente tanto por diretores quanto pelo próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desde a última reunião do comitê.
Para o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, o colegiado do banco depende de dados para definir a próxima Selic. “Por isso que o BC interrompeu seu ciclo de cortes [de juros] e ficou dependente de dados”, disse durante evento de comemoração dos 125 anos do Tribunal de Contas do estado do Piauí, em Teresina.
“Vamos consumir os dados a cada reunião do Copom para poder tomar suas decisões. E, abertos, com todas as alternativas na mesa de política monetária [sobre taxa de juros], para que a gente possa tomar sua decisão”, completou Galípolo.
Campos Neto, por sua vez, adotou postura mais direta sobre uma eventual elevação da Selic. “Se precisar subir os juros, vamos subir os juros”, frisou o presidente do BC em evento em São Paulo.
Segundo ele, a decisão do comitê dependerá das projeções econômicas, nacionais e internacionais. Campos Neto disse que o colegiado do banco continuará a “perseguir a meta de inflação” e reforçou que “nunca viu um espírito de equipe tão bom no Banco Central como nas últimas reuniões”.
Por outro lado, integrantes do governo Lula (PT) constantemente pedem pela retomada dos cortes, além de sugerirem uma expansão no corte da taxa dos juros por parte do colegiado do BC.