Seis PMs são indiciados pelo desaparecimento de pedreiro em MT
Rubson Farias dos Santos está desaparecido desde o dia 29 de janeiro deste ano, após abordagem policial em sua casa
atualizado
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O relatório do Inquérito Policial Militar (IPM) aberto para investigar o desaparecimento e possível morte do pedreiro Rubson Farias dos Santos indica o indiciamento de seis policiais militares que estariam envolvidos na situação, em Cárceres, no Mato Grosso.
No dia 19 de abril deste ano, o comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar em Cáceres, o tenente-coronel Danilo Segóvia Moreira, foi o responsável pela homologação e encaminhamento do resultado do inquérito para a Corregedoria da PM e para o Ministério Público Estadual (MPE) com as medidas cabíveis, tanto criminais quanto administrativas.
André Filipe Batista da Silva, 2º tenente, e os soldados Jeferson da Silva Leal, Eliézio Francisco Ferreira dos Santos, Rodrigo da Silva Brandão, João Eduardo da Silva e Kristian Batista Maia também foram indiciados.
Moreira afirmou que “as condutas dos indiciados infringiram preceitos disciplinares castrense, devido ausência das causas de justificações previstas no Art. 16 do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso”.
De acordo com o portal RDNews, no dia 29 de janeiro, por volta das 23h30, quatro soldados indiciados estavam de moto no grupo de apoio do 6º BPM: Rodrigo, Kristian, Eliézio e João Eduardo. Eles invadiram a casa do pedreiro e “começaram a agredi-lo, não se sabendo o motivo”. Rubson gritou por ajuda, chamando a esposa, Sidneia, e um tio.
André Filipe e Jeferson estariam em outra equipe, que chegou ao local “depois de muitos gritos”. Rubson foi colocado desacordado na parte de trás da viatura, situada na frente de sua casa, estacionada de ré. Os policiais do primeiro grupo, que foram de moto, seguiram para as rondas de rotina.
Um trecho do inquérito afirma que, depois de a viatura passar por diversos locais da cidade, ficou estacionada durante dois ou três minutos, às 2h16 da manhã do dia 30 de janeiro, em uma avenida não-pavimentada e sem iluminação noturna. Em seguida, o 2º tenente e o soldado que o acompanhava voltaram para o quartel do 6º BPM.
Desaparecido
Após isso, o pedreiro não foi visto na delegacia da Polícia Judiciária Civil, na Cadeia Pública, em hospitais públicos e particulares da cidade ou por parentes e conhecidos. “A última vez que se tem notícias dele foi no dia 29/01/2021”, revela trecho.
A esposa, o enteado e os vizinhos de Rubson, além de outras testemunhas, prestaram depoimento e afirmaram que policiais foram até a casa da vítima e bateram nele. Os relatos confirmam que Rubson pediu ajuda e disse que os agressores o matariam. Os gritos pararam depois de um tempo e colocaram o pedreiro na viatura.
O IPM requisitou uma perícia na casa de Rubson à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), mas o laudo não foi recebido pelo encarregado do inquérito.
Os militares indiciados declararam que foram à casa do pedreiro averiguar após receber informações de que o local seria ponto de venda de drogas. Chegando lá, “um indivíduo viu a guarnição e saiu correndo”.
De acordo com os policiais, eles não encontraram o suspeito, mesmo tendo corrido atrás dele. Após essa situação, eles alegaram que entraram na casa, encontraram um documento da vítima e chamaram os outros colegas.
“Dessa forma, relataram que não tiveram nenhum contato com Rubson Farias dos Santos. Apenas encontraram o documento dele jogado nas dependências de sua residência, e fizeram sua checagem pelo Sistema do Centro Integrado de Segurança Pública (Ciosp)”, diz o relatório.
Além disso, o documento do IPM garante que, “confrontando os depoimentos das testemunhas mencionadas com os relatos dos indiciados, há claramente diversas divergências”.
O relatório, que foi assinado pelo major Itamar Santos de Jesus, encarregado do inquérito, apontou também indícios do cometimento de abuso de autoridade, cárcere privado de maneira continuada, responsabilização pelo desaparecimento do pedreiro, transgressões disciplinares residuais e diversos crimes e infrações administrativas.