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Seis em cada dez desempregados são pretos ou pardos, diz IBGE

No 3º trimestre, rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos foi de R$ 1.531, enquanto o dos brancos foi de R$ 2.757

atualizado

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RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES? Foto ilustrativa
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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES? Foto ilustrativa

No terceiro trimestre, 12,961 milhões de pessoas estavam na fila do desemprego, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) trimestral, divulgados nesta sexta-feira (17/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dessas, 8,252 milhões têm a pele preta ou parda, 63,7% do total. Com isso, a taxa de desemprego da população preta ou parda é de 14,6%, acima da média, que ficou em 12,4%. Entre as pessoas de pele branca, a taxa de desemprego ficou em 9,9%.

Pessoas de pele preta e parda sofrem mais com o desemprego e, quando têm emprego, trabalham em atividades de menor qualificação e em piores condições, como o trabalho doméstico ou de ambulante. O resultado é que, no terceiro trimestre, o rendimento médio desses trabalhadores (R$ 1.531) foi quase a metade (55,5%) do registrado para brancos (R$ 2.757).

O Brasil tem 1,832 milhão de ambulantes, sendo que 1,222 milhão, ou 66,7%, são pretos ou pardos. Empregadas e empregados domésticos somam 6,177 milhões de pessoas, e 4,076 milhões, ou 66%, têm a pele preta ou parda. Esses dados são inéditos e fazem parte de um estudo especial sobre as desigualdades do mercado de trabalho conforme a cor da pele, preparado pelo IBGE por causa do Dia da Consciência Negra, comemorado no próximo dia 20.

“Eles (pessoas de pele preta ou parda) estão inseridos em atividades com menor qualidade, que exigem menor formação e, consequentemente, são grupos de atividades que pagam salários menores”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O pesquisador citou a colonização como origem da desigualdade. “Estamos falando de uma população de origem afrodescendente, que chegou ao país por meio da escravidão”, lembrou Azeredo. Para ele, essa raiz histórica mantém as desigualdades na escolaridade, com efeitos no mercado de trabalho. “Isso tem mais de 100 anos (a abolição da escravidão), mas vemos ainda marcas bastante expressivas dessa tragédia que foi a colonização do Brasil”, completou o pesquisador.

De 2007 em diante, as pesquisas por amostra de domicílio do IBGE passaram a registrar que o contingente da população preta e parda supera o total da população branca – a cor da pele é informada pelo próprio respondente da pesquisa. Conforme os dados do terceiro trimestre deste ano, pessoas de pele preta e parda respondem por 54,9% da população de 14 anos ou mais e por 53% da população ocupada.

Se o mercado de trabalho fosse igualitário, essa participação de 53% deveria se repetir em todas as atividades, mas não é o que ocorre. Embora sejam a esmagadora maioria entre ambulantes e trabalhadores domésticos, as pessoas de pele preta ou parda são minoria entre empregadores – apenas 33% dos 4,245 milhões de empregadores é de pretos ou pardos.

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