Seis em cada 10 são contra anistia aos presos pelo 8/1, diz Datafolha
Pesquisa revela que perdão pelos atos antidemocráticos é rechaçado por evangélicos e entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro
atualizado
Compartilhar notícia
Seis a cada 10 brasileiros são contra a anistia aos presos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Segundo pesquisa do Datafolha, 63% rejeitam o perdão aos envolvidos nos ataques contra os Três Poderes.
De acordo com pesquisa, apenas 31% são a favor da anistia, enquanto 4% não opinaram e 2% se declararam indiferentes ao tema.
Em 8 de janeiro de 2023, manifestantes contrários ao resultado das eleições presidenciais de 2022 invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A pesquisa fez o corte do tema entre os evangélicos. Desses, 59% se posicionaram contra a anistia. E somente 33% apoiaram o perdão.
Entre os eleitores diretos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apenas 40% são a favor da anistia e 53% alegam ser contra.
Com lupa sobre o eleitorado do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 25% apoiam o perdão frente à 71%, que declaram não concordar com a anistia.
Bolsonaro e Zema
Em fevereiro deste ano, em ato na Avenida Paulista (SP), Jair Bolsonaro defendeu a anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro.
“Teria muito a falar, tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz. O que eu busco é uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”, declarou Bolsonaro, durante o evento.
Contudo, Bolsonaro também foi alvo da Operação Tempus Veritatis, por meio da qual a Polícia Federal (PF) investiga suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de “golpe de Estado” para mantê-lo no poder, após a derrota nas eleições de 2022.
Em entrevista ao Metrópoles, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também ventilou a ideia de anistia, mas ressaltando a necessidade da conclusão das investigações sobre os ataques, ainda em curso pelos órgãos de controle nacionais.
Lula e Mendes
Em entrevista ao programa É Notícia, da RedeTV!, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou que as investigações não foram concluídas, mas destacou que o Brasil foi alvo de uma tentativa de golpe.
“Eles nem foram julgados ainda. Eles estão presos como garantia da paz e da ordem deste país. Ainda não descobriu quem mandou, financiou, porque houve uma tentativa de golpe”, argumentou o presidente, mas na sequência criticou a manifestação na Avenida Paulista.
“Foi uma manifestação em defesa do golpe. É importante ficar atento porque essa gente está demonstrando que não está para brincadeira. Não só no Brasil, no mundo inteiro”, afirmou Lula.
O ministro do STF Gilmar Mendes rechaçou a possibilidade de anistia dos envolvidos, classificando o ato como “incogitável”, durante entrevista à TV 247.
“Toda a sociedade brasileira, que tem um sentimento de democracia, espera pela responsabilização não só dos autores materiais, mas também daqueles que conceberam toda essa trama. Não faz sentido algum da perspectiva jurídica e da perspectiva política falar-se em anistia. Isso tem que ser claramente repudiado. […] É incogitável que se fale em anistia para esses crimes”, argumentou o ministro.