Segurança que asfixiou rapaz em mercado já tinha sido condenado
Davi Ricardo Moreira Amâncio, 32 anos, sufocou até a morte Pedro Gonzaga, 19. Crime foi gravado por populares no Rio
atualizado
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Flagrado em vídeo sufocando o estudante Pedro Gonzaga, 19 anos, no supermercado Extra da Barra da Tijuca (RJ), na quinta-feira (14/2), o segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio (foto em destaque), 32, já foi condenado pela Justiça. A informação foi revelada neste domingo (17) pelo Fantástico, da TV Globo.
De acordo com a reportagem, o suspeito foi condenado, em 2017, a três meses em regime aberto por ter agredido a ex-companheira. Portanto, segundo a Polícia Federal, o homem não poderia atuar como vigilante.
Após o episódio no supermercado Extra, um vídeo começou a circular pelas redes sociais e mostra Pedro sendo imobilizado por pelo menos quatro minutos em uma unidade da rede.
Nas imagens, o segurança aparece deitado sobre o jovem, aparentemente desacordado, e refuta pedidos de outras pessoas para que o solte. Uma delas diz: “Está desmaiado, não está não?”. Outra fala: “Ele tá com a mão roxa”. Mas o segurança se nega a sair de cima e responde: “Quem sabe sou eu”. Outros funcionários do supermercado ainda circundam os dois homens no chão, mas nada fazem.
Veja o vídeo em que o segurança imobilizou o rapaz:
Em nota, o supermercado Extra, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar, afirmou que repudia atos de violência em suas lojas e que abriu uma investigação interna para apurar o caso. Inicialmente, segundo a empresa, foi constatado que “se tratou de uma reação à tentativa de furto à arma de um dos seguranças da unidade da Barra da Tijuca”. Pontuou ainda que os seguranças envolvidos foram afastados.
Nas redes sociais, Davi disse que tem orgulho de sua profissão. Em seus perfis, o segurança posta, recorrentemente, textos sobre sua rotina no trabalho. São informações do portal Extra.
Recentemente, ele colocou uma foto uniformizado, com uma arma na mão e escreveu que “ser um segurança é conviver com a morte e não se abalar, é estar triste e não chorar, é estar acordado para que todos durmam tranquilos, é dar o seu melhor e não ser reconhecido”.
Davi conseguiu o emprego de segurança no Extra há um ano e quatro meses. Ele é contratado da empresa Grupe Protection. Antes, era bombeiro civil e também trabalhava em empresas que prestam serviços de segurança patrimonial para outras companhias. Em fevereiro de 2016, época em que ainda trabalhava combatendo incêndios, escreveu que seu “lema é salvar vidas”, num texto que fez em homenagem a um colega de trabalho mais velho.
Homicídio culposo
Davi foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e vai responder pelo crime em liberdade, após pagar fiança de R$ 10 mil. Na avaliação do delegado Cassiano Conte, responsável pelo caso na Delegacia de Homicídios da Capital (DH), o segurança “se excedeu na legítima defesa”.
Segundo o advogado de Davi, André França Barreto, ainda “não é possível afirmar que se tratou de asfixia”. “As imagens demonstram claramente que não houve ‘mata-leão’, até porque o Pedro Henrique estava de frente para o Davi. Em segundo lugar, há que se aguardar o laudo pericial, não sendo possível afirmar, neste momento, que se tratou de asfixia”, destacou.
Na delegacia, Davi disse ter pensando que Pedro “estava lhe enganando”, ao ficar imóvel no chão, para escapar. Apesar dos pedidos da mãe desesperada, o homem não saiu de cima do jovem, que teria problemas com uso de drogas. De acordo com relato de uma testemunha, o segurança teria dito à mãe: “É doida como o filho”.
Neste domingo (17), centenas de pessoas protestaram em repúdio à morte do jovem Pedro Gonzaga. O rapaz que sonhava em ser MC deixou um filho de oito meses. Morreu na frente da mãe dentro do mercado no Rio.