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Secretário exonerado negociou volta de presos do Comando Vermelho ao Rio

Na casa de Raphael Montenegro, preso nesta terça (17/8), agentes apreenderam R$ 150 mil em dinheiro de origem duvidosa

atualizado

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Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária
1 de 1 Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária - Foto: Reprodução

Rio de janeiro – A decretação da prisão temporária do ex-secretário de Estado de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, decisão do desembargador federal Paulo Espirito Santo, da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), é justificada, de acordo com a Justiça Federal, pelo fato de Montenegro e seus assessores agirem intercedendo em favor do retorno para o Rio de Janeiro de presos integrantes do Comando Vermelho.

A volta dos bandidos seria para que “continuassem comandando (com maior facilidade) suas atividades criminosas de dentro da cadeia, ao passo que eles, os presos, dariam uma ‘trégua’ em determinadas atividades criminosas, a fim de que prevalecesse perante a sociedade e as autoridades de segurança pública uma falsa sensação de tranquilidade social”.

Durante a operação para prender Raphael, exonerado do cargo de secretário após ser detido, agentes da Polícia Federal apreenderam R$ 150 mil em dinheiro, 4.450 euros, 5 mil dólares e 105 pesos argentinos. Montenegro responderá pelos crimes de falsidade ideológica, advocacia administrativa e associação ao tráfico de drogas. Wellington Nunes da Silva, subsecretário, e Sandro Farias Gimenes, superintendente operacional, também foram presos na ação.

“Com o cumprimento do mandado de busca hoje é que vai se aprofundar (se houve vantagem indevida), inclusive para saber se houve vantagem pecuniária. Foi encontrada na casa do principal alvo uma grande quantidade de dinheiro. Existem fortes indícios de manipulação”, afirma o superintendente da Polícia Federal, Tacio Muzzi.

De acordo com a PF, há também suspeita de que os investigados supostamente negociassem pagamento de propinas, já que teriam realizado tratativas com a advogada do traficante Marcinho VP, mantido no presídio federal de Catanduvas (PR), e com defensores de outros custodiados, para transferi-los para a capital fluminense.

No entendimento do desembargador federal Paulo Espirito Santo, as buscas e apreensões são necessárias para a reunião de provas dos crimes apontados, que incluem falsidade ideológica, prevaricação e advocacia administrativa: “O aprofundamento das investigações, com a colheita da maior quantidade de elementos probatórios possíveis, faz-se absolutamente necessário para desbaratar possível estrutura criminosa enraizada no âmbito da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo, em tese, é facilitar a prática do crime que mais devastou a cidade nas últimas décadas, causando milhares de mortes ao logo de todos esses anos”, escreveu.

Sobre a prisão temporária, o relator ponderou que a medida visa a garantir o sucesso das investigações, já que, soltos, os acusados, sendo ocupantes de “cargos relevantes e estratégicos”, poderiam atuar ocultando imagens das câmeras instaladas nos estabelecimentos prisionais e documentos, além de poderem comunicar-se com outros envolvidos ainda não identificados. Nesta terça-feira, imagens do circuito interno de vigilância do Complexo Penitenciário do Gericinó, na zona oeste do Rio, foram recolhidas pela PF.

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