Secretário de MS que defendia cloroquina e atacava vacina é exonerado
Portaria em que Hélio Angotti Neto é exonerado foi publicada no DOU desta quinta (8/12) e tem assinatura do ministro Ciro Nogueira
atualizado
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O governo Jair Bolsonaro (PL) exonerou nesta quinta-feira (8/12) o médico Hélio Angotti Neto do cargo de secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde. A portaria em que Angotti é exonerado, retroativa a 7 de dezembro e publicada na edição desta quinta do Diário Oficial da União, tem assinatura do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
No início de 2022, então como secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta, Angotti não aceitou o relatório aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) contrário aos medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina.
Em nota técnica divulgada na página da Conitec, o secretário Hélio Angotti justificou a decisão citando o “respeito à autonomia profissional” e a “necessidade de não se perder a oportunidade de salvar vidas”.
O secretário também acusou a elaboração dos estudos de seguir um “possível viés na seleção de estudos e diretrizes”.
Além disso, na nota técnica, a pasta publicou uma tabela na qual afirmava haver efetividade e segurança no uso de hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. O medicamento é considerado ineficaz por sociedades científicas. No mesmo trecho, a nota pontuava que não existe efetividade e segurança no uso de vacinas contra a Covid-19.
Após uma série de críticas da comunidade científica, a tabela foi retirada do documento. No entanto, o governo manteve a rejeição aos estudos da Conitec. A medida motivou a abertura de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Ministério da Saúde, protocolada pelo partido Rede Sustentabilidade.
Logo após a polêmica, em fevereiro, Angotti foi nomeado para exercer o cargo de secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, antes ocupado por Mayra Pinheiro, também conhecida como Capitã Cloroquina.
Em 2021, Helio Angotti foi um dos indiciados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, por epidemia com resultado morte e incitação ao crime.