Secretário de Queiroga demite auxiliar que votou contra kit Covid
Funcionária do Ministério votou a favor de relatório que contraindicava medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina
atualizado
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O plenário da Comissão de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec), ligada ao Ministério da Saúde, aprovou em dezembro protocolo ambulatorial que indica, entre outros, a ineficiência do chamado kit Covid. No mesmo mês, o secretário responsável pela incorporação do relatório demitiu uma funcionária que teve voto decisivo na decisão.
Helio Angotti Netto (foto em destaque) comanda a Secretaria de Ciência e Tecnologia do ministério. De acordo com a CBN, Angotti solicitou a exoneração de Vania Canuto ao ministro Marcelo Queiroga em 29 de dezembro. A auxiliar dirigia o Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovações em Saúde.
Durante a votação do relatório encomendado pela Saúde, intitulado de Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19, o placar foi apertado: 7 x 6. Vania teria divergido dos votos da pasta e, dessa forma, fez a diferença.
Procurada pelo Metrópoles, a servidora afirmou que está em férias e retorna ao trabalho na próxima segunda-feira (10/1). Vania disse não ter sido informada sobre sua exoneração do Ministério da Saúde.
Com a aprovação do relatório, que não recomenda o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina para tratamento da Covid, cabe a Helio Angotti aprová-lo ou não. Caso o material seja aprovado, será incorporado como orientação para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O secretário elabora parecer com mais de 100 páginas para rejeitar o relatório da Conitec.
Tramitação polêmica
A votação sobre o documento causou polêmicas nas reuniões da comissão. Em vídeo publicado na página da Conitec, é possível ver que a deliberação terminou empatada, após uma série de divergências.
Cinco dos sete secretários do Ministério da Saúde votaram contra o documento que condena o uso do chamado kit Covid. Além disso, um representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) também foi contrário ao protocolo.
Antes da votação, a Conitec chegou a ficar sob a mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado Federal, após suspeitas de interferência do Palácio do Planalto na votação do relatório.