Secretário de Haddad atribui dólar a R$ 6 a pacote e ambiente externo
Para secretário do Tesouro, Rogério Ceron, corte de gastos não foi bem compreendido e política econômica dos EUA ajudou alta do dólar
atualizado
Compartilhar notícia
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, atribuiu o dólar alto, no patamar de R$ 6, a ruídos internos decorrentes do processo de compreensão do pacote de corte de gastos e ao cenário internacional desafiador, citando especificamente os Estados Unidos (EUA), que passam por uma transição de poder, após a eleição do republicano Donald Trump, que vai substituir o democrata Joe Biden em meados de janeiro de 2025.
“Tem movimentos que são decorrentes de ruídos internos, desse processo de compreensão do pacote, isso é natural. Tem também, obviamente, acho que é claro, cada vez mais, um ambiente externo mais desafiador, com sinalizações de políticas econômicas principalmente vindas dos Estados Unidos que podem gerar um impacto global”, disse Ceron, auxiliar do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (3/12).
Ele explicou que, em cenários como o atual, países emergentes sofrem mais. “Aumentou o risco de ter um cenário de uma inflação global maior. Isso acaba gerando uma reprecificação de ativos, com uma elevação de riscos e isso tem efeito sobre todos”, prosseguiu.
“É natural, todas as moedas estão passando por um processo como esse [de depreciação, caso do real]”, completou. O secretário ainda disse que as medidas de revisão de gastos vão “dar consistência para garantir que as coisas continuem bem no país”. “Esse é o compromisso”, frisou.
Depois de disparadas sucessivas, o dólar à vista abriu em ligeira queda nesta terça-feira. Por volta das 9h10, a moeda americana era cotada a R$ 6,037, com recuo de 0,51%.
Na véspera, segunda-feira (2/12), a moeda americana havia fechado em elevação de 1,13%, cotado a R$ 6,068. Com isso, bateu pela quarta vez seguida o recorde nominal da história, desde o lançamento do Plano Real. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0913.
Pacote de corte de gastos
Na última semana, o governo divulgou proposta de corte de gastos, mas considerada insuficiente por analistas do mercado para garantir superávits nas contas nacionais e conter a trajetória da dívida pública do país.
As medidas preveem corte de R$ 70 bilhões de despesas do governo federal em 2025 e 2026, chegando à contenção de gastos de R$ 327 bilhões até 2030. O pacote será analisado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.