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Secretária de Damares faz campanha por mais mulheres eleitas – até da esquerda

Governo federal lança campanha visando eleger ao menos uma vereadora em cada cidade e combater violência política contra a mulher

atualizado

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Votação em 2018
1 de 1 Votação em 2018 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O governo federal está lançando um projeto para capacitar mulheres candidatas e incentivar a participação feminina nas próximas eleições, em novembro. De acordo com a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, a iniciativa é suprapartidária, e mesmo representantes de siglas de esquerda são bem-vindas na plataforma. As representantes da oposição, porém, não se sentem tão acolhidas.

O programa Mais Mulheres na Política tem um espaço que conta com uma espécie de material didático e oferecerá palestras e lives sobre assuntos como planejamento de campanha, propaganda eleitoral e prestação de contas.

A meta da secretária é eleger pelo menos uma mulher vereadora em cada uma das 5.570 cidades brasileiras. Nas últimas eleições municipais, em 2016, isso não ocorreu em 1.290 municípios.

Ao todo, o país elegeu 7.803 mulheres, que equivalem a apenas 13,5% do total das cadeiras das câmaras municipais. Os municípios com mulheres prefeitas são 11,6% e abrangem apenas 7% da população do país. Isso coloca o Brasil na 156ª posição em um ranking da Organização das Nações Unidas sobre a representação política feminina (que abrange 188 países).

“É muito pouco, porque somos mais da metade do eleitorado”, avalia a secretária Cristiane Britto, que é advogada especializada em direito eleitoral. “Mas temos avançado por conta de mudanças na legislação e de políticas afirmativas do TSE. Tivemos nas últimas eleições um aumento de 51% na bancada feminina federal e de 35% nas assembleias estaduais, mas precisamos acelerar esse processo”, diz a advogada em entrevista ao Metrópoles (assista à íntegra abaixo).

A gestora busca combater o que chama de “fator cultural”. “Existe uma falsa ideia de que mulher não se interessa por política, mas isso não é verdade. Elas são 44% dos membros de partidos e se interessam, sim, mas não conseguem ‘chegar lá’ porque não têm a paridade de armas de igual para igual com os homens”, destaca Cristiane.

Combate às candidaturas laranjas

Um dos focos da campanha Mais Mulheres na Política é combater o que a secretária chama de “violência política contra a mulher”.

“É algo muito comum, mas invisibilizado. Um exemplo clássico é a candidatura fraudulenta, popularmente chamada de candidatura laranja, quando a mulher é usada sem saber ou quando a candidata é intimidada a abrir mão de recursos que deveriam ser seus para candidaturas masculinas”, explica Cristiane.

Para combater essa violência, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos está disponibilizando um novo canal em seu disque denúncia, o Disque 180, acessível gratuitamente de qualquer telefone.

“Vamos encaminhar todas as denúncias ao Ministério Público para que a violência política seja desincentivada e punida”, afirma a secretária.

Veja a íntegra da secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, ao Metrópoles:

Sem veto ideológico?

A secretária nacional de Políticas para as Mulheres garante que não haverá filtro ideológico no treinamento que o governo preparou para as candidatas. “Para mim, aumentar a representação feminina é uma pauta suprapartidária, e tenho procurado envolver todos os partidos no debate, pois eles são os protagonistas da eleição”, ressalta Cristiane.

“A questão ideológica acaba sendo secundária. Precisamos de mais prefeitas, mais vereadoras, independentemente da ideologia, independentemente do partido”, garante a secretária.

No pacto proposto pela gestora aos partidos, porém, ela ainda não alcançou os mais de esquerda, mas diz que está aberta. De 35 partidos representados na Câmara, 18 se comprometeram a dar às mulheres condições de concorrer “em igualdade de armas” com os homens.

Os partidos precisam ser levados para esse debate, porque, segundo a secretária, resistem a repassar o poder a mulheres. “O comando dos partidos está quase sempre nas mãos de homens”, afirma Cristiane.

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Se forem encontrados indícios concretos, um inquérito formal deve ser aberto
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Avalie bem os candidatos ao governo
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A secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, quer combater a violência política contra a mulher

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Se forem encontrados indícios concretos, um inquérito formal deve ser aberto

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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A Câmara impôs derrota ao Palácio do Planalto na questão do Fundeb

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara já se manifestou diversas vezes contrário à recriação de impostos

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
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TSE/Divulgação
Como participar da capacitação?

O material didático preparado pelo governo está sendo disponibilizado no site do Ministério dos Direitos Humanos. A programação de lives e cursos deverá ser disponibilizada no mesmo espaço e nas redes sociais da pasta.

O Congresso adiou o primeiro e o segundo turno das eleições municipais para os dias 15 e 29 de novembro em razão da pandemia do novo coronavírus. Com isso, o prazo final para o registro de candidaturas passou de 15 de agosto para 26 de setembro. Faltam cerca de duas semanas, portanto.

As mulheres (também os homens) que querem se candidatar este ano precisam estar filiadas a algum partido político.

Veja o vídeo de divulgação da campanha Mais Mulheres na Política:

As queixas da oposição

Para representantes da oposição na bancada feminina da Câmara, não há verdadeira abertura ao diálogo e a Secretaria de Políticas para as Mulheres busca agir de forma a contornar o Parlamento.

“Não sabemos como será a distribuição da cartilha, se a formação será partidarizada e com incidência ideológica de quem compõe o ministério. É uma preocupação”, avalia a ativista feminista Hellen Frida, que é assessora de gênero da bancada feminina do PT na Câmara. “O ministério não pode vincular na distribuição, na formação, na chamada de mais mulheres na política a própria linha ideológica de quem compõe essa estrutura de governo e Estado”, completa ela.

O pacto proposto pela secretária Cristiane Britto, segundo Frida, não prevê que os partidos possam construir coletivamente o conteúdo dessa capacitação para as mulheres candidatas.

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