Seca severa dispara 300%, afeta 12 estados e agrava crise energética
Estiagem em GO, MT, RJ e SP é a maior desde que o acompanhamento começou, em 2014. Seca ameaça a geração de energia por hidrelétricas
atualizado
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A estiagem ameaça cada vez mais o nível dos reservatórios brasileiros. Em um ano, a seca severa avançou 300%.
Em agosto do ano passado, três estados enfrentavam a escassez total de chuvas no território: Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná. No mesmo período deste ano, o número subiu para 12 unidades da Federação (veja lista abaixo).
Os dados fazem parte de uma análise do Metrópoles com base em informações divulgadas pela Agência Nacional de Águas (ANA).
A reportagem considerou indicadores do Monitor de Secas, que acompanha o grau de severidade da seca nos estados brasileiros. O Metrópoles levantou quais estados tiveram 100% do território afetado pela estiagem, ou seja, apresentaram índices de chuvas abaixo da média.
Para o leitor ter dimensão de como a seca afeta o país, Goiás (foto em destaque), Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo bateram suas marcas históricas desde que o acompanhamento começou, em 2014.
A seca excepcional vivida por esses estados é o pior grau de estiagem, com perdas generalizadas de áreas agricultáveis e de pastagem, escassez de água nos reservatórios, córregos e poços. A situação é de emergência, considera a ANA.
Veja os estados que registraram seca em 100% do território:
- Mato Grosso do Sul
- Mato Grosso
- Rio Grade do Sul
- Rio Grande do Norte
- Bahia
- Tocantins
- Paraíba
- Minas Gerais
- São Paulo
- Ceará
- Santa Catarina
- Sergipe
A falta de chuvas também acentua um problema que tem assombrado os brasileiros: a redução da geração de eletricidade por hidrelétricas e o risco de crise energética.
A meteorologia, baseada em previsões matemáticas, estima que no fim da primavera, estação iniciada na última semana, há perspectivas para o retorno de chuvas.
Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul ainda enfrentarão seca, mas de forma menos severa. A região Sul sofrerá com o fenômeno La Niña, que provoca o resfriamento da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental e gera uma série de mudanças nos padrões de chuvas.
Geração de energia
Um dos exemplos que a falta das intempéries do clima traz é o aumento do uso de termelétricas que usam óleo diesel e gás natural para a geração de energia, fontes mais poluentes.
A produção termelétrica em agosto foi de 19.009 megawatts-médios (MWmed). Em julho, o índice chegou a 18.625 megawatts-médios (MWmed).
Previsão do tempo
A situação climática para chuvas só deve voltar a ser favorável em novembro ou dezembro. A explicação é do meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Kleber Souza.
“Com a chegada da primavera, saímos do período seco e entramos naquele em que as chuvas ocorrem com mais frequência. Inicialmente, elas são mais espaçadas. Depois, se tornam mais frequentes”, detalha.
Segundo o meteorologista, a previsão matemática indica pancadas dentro da média histórica, mas faz uma ressalva. “As chuvas esperadas são dentro do normal, mas distribuídas de forma desigual”, pondera.