“Se não fosse o STF, teríamos mais mortes”, diz ministro Gilmar Mendes
A declaração ocorreu durante webinar “A pandemia e o vírus da Corrupção”, promovido pelo Metrópoles e pela Anape
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que o “tribunal [STF] no discurso governista é um grande injustiçado”. A declaração ocorreu nesta segunda-feira (27/9), durante um webinar realizado pelo Metrópoles e promovido pela Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (Anape), com mediação do jornalista Caio Barbieri.
No evento, autoridades debateram os mecanismos capazes de minimizar irregularidades e desvios durante a crise sanitária promovida pela Covid-19. Além de Gilmar Mendes, participaram do webinar o presidente da Anape, Vicente Braga, e o senador Rogério Carvalho.
“O governo, pela voz do presidente e de seus seguidores, repudiava qualquer medida de restrição, aquilo que se chamava isolamento social. O Supremo reconheceu que o tema da saúde exigia uma comparação tripartida. A estrutura de participação da União, dos estados e municípios era essencial”, afirmou o ministro, em referência à importância da autonomia concedida aos prefeitos e governadores, diante da postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Se isso não tivesse ocorrido, se tivéssemos com um decreto oficial aberto todas as igrejas do Brasil, por exemplo, conforme gostaria o governo, teríamos um foco maior de contaminação. A mim me parece que a acusação contra o Supremo é injusta. Se não fosse essa ação do Supremo, por exemplo, teríamos mais mortos. “, disse Gilmar Mendes.
O senador Rogério Carvalho concordou com o ministro e completou que o Supremo foi “corajoso” ao enfrentar outras defesas infundadas do governo, como a “imunidade de rebanho”, considerada por ele uma cultura quase impossível de “quebrar”.
De acordo com as autoridades, a desinformação foi uma grande catalisadora da corrupção na pandemia. Segundo o senador, estudos indicam que há indícios de corrupção em torno de R$ 200 milhões.
“Alguns gestores mal intencionados enxergaram naquilo uma janela de oportunidades. O desvio de recursos num momento normal já é repugnante, mas pior ainda é num momento de saúde pública. O prejuízo é a perda de uma vida”, avaliou o congressista.