Saúde diz que funcionários que desviaram vacina por ouro estão afastados
Em documento de 2021, associação que representa os Yanomamis fez denúncia a diferentes órgãos do governo federal
atualizado
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Após reportagem do Metrópoles revelar que funcionários que prestavam serviços ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), subordinado ao Ministério da Saúde, desviaram doses de vacina contra a Covid-19 destinados aos indígenas para garimpeiros, a pasta decidiu se manifestar. O órgão informou que os servidores acusados foram afastados dos cargos.
De acordo com o Ministério da Saúde, ainda em 2021 o DSEI-Y recebeu a denúncia e a comunicou à instituição conveniada que realiza os trabalhos de atenção primária aos Yanomami, chamada Missão Evangélica Caiuá. A organização teria afastado os envolvidos.
“O fato foi comunicado à Missão Evangélica Caiuá, instituição sem fins lucrativos responsável pela condução das ações de atenção primária à população indígena Yanomami, informando-se posteriormente ao DSEI que os profissionais supostamente envolvidos no processo não fazem mais parte do quadro de pessoal da instituição”, informou o Ministério da Saúde, em nota.
A pasta disse ainda que informou sobre os desvios ao Ministério Público Federal, para que uma investigação pudesse ser feita.
Denúncia em ofício
A denúncia de que garimpeiros subornaram servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) para conseguir as vacinas consta em ofício da Hutukara Associação Yanomami, entidade que representa o povo indígena. O vice-presidente da associação, Dário Kopenawa, filho do líder Davi Kopenawa, estava ao lado de Júnior.
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O documento foi enviado ao coordenador do DSEI-Y, ao secretário especial de Saúde Indígena e ao Ministério Público Federal (MPF), em abril de 2021.
“Ainda em janeiro, fomos informados de que a então técnica de enfermagem do polo-base de Homoxi estaria desviando materiais do órgão, incluindo um gerador de energia e gasolina, em troca do ouro extraído ilegalmente no garimpo. Na mesma ocasião, fomos informados de que a funcionária do DSEI-Y estaria aplicando vacinas nos garimpeiros, igualmente em troca de ouro”, alertou a associação, à época.