Vacina da dengue será testada em 13 cidades e terá dose única
São Paulo será o primeiro município a ter as doses. Recife, Manaus, Belo Horizonte e Porto Alegre também farão os testes. Segundo o instituto, 17 mil voluntários, em todo o país, participarão do processo e a estimativa é de que a vacina esteja até 2017 na rede pública
atualizado
Compartilhar notícia
A vacina contra a dengue do Instituto Butantã, que teve a última fase para testes em humanos liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como revelado nesta sexta-feira (11/12), pelo jornal O Estado de S.Paulo, será testada em 13 cidades, incluindo Recife, Manaus, Belo Horizonte e Porto Alegre. São Paulo será o primeiro município a ter as doses. Segundo o instituto, 17 mil voluntários, em todo o país, participarão do processo e a estimativa é de que a vacina esteja até 2017 na rede pública. A dose será única e capaz de proteger contra os quatro tipos de dengue.
O primeiro passo agora será o recrutamento dos participantes, que serão acompanhados em 14 centros de pesquisa. Os trabalhos nas unidades não começarão ao mesmo tempo, e os voluntários serão monitorados durante cinco anos. Na capital, os estudos vão ser realizados na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Segundo ele, cartazes com explicações sobre o teste serão colocados nos centros de pesquisa. Pontos avermelhados no corpo e dor de cabeça estão entre os sintomas que podem aparecer em pacientes. Embora a vacina seja produzida com o vírus da dengue enfraquecido, os voluntários não correm o risco de ter a doençaPelos dados que temos da fase 2, o nível de anticorpos está elevado, o que nos faz pensar que (a eficácia) é muito grande. O tempo (de duração do teste) vai depender de quanto vamos demorar para recrutar, mas muita gente quer participar
Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantã
Por faixa etária
O Instituto Butantã dividiu os testes em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. “Os testes serão feitos da maior para a menor faixa (ou seja, dos idosos para as crianças), o que contribui para a segurança do experimento. Dois terços dos participantes vão receber a vacina e um terço receberá placebo (concentrado que não contém medicamento)”, disse o secretário de Estado da Saúde, David Uip.
O investimento para essa etapa da pesquisa deve superar os R$ 200 milhões, de acordo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve nesta sexta no lançamento da nova etapa. “A fase 3 pode chegar a R$ 270 milhões, porque deve ter um acompanhamento muito rigoroso, envolve um grande número de médicos e as pessoas precisam ter uma análise clínica antes, durante e depois.”
Produção
Segundo David Uip, uma reunião será realizada na próxima segunda-feira com empresas nacionais e multinacionais para abordar a produção em larga escala da vacina. “Estamos diante de uma vacina estratégica para o País e para o mundo. Se isso se comprovar, a nossa escala de produção tem de ser em nível e perfil mundial.”
Sem dar detalhes, ele afirmou que também há planos para a produção de uma vacina contra o zika. “O instituto já está se preparando para elaborar um protocolo em busca de uma vacina tanto para chikungunya como também para zika vírus.”
Apresentado em abril na Anvisa, o pedido foi analisado “em regime de prioridade”, segundo o órgão federal, por se tratar de um tema de relevância para a saúde pública. A solicitação foi feita antes mesmo da conclusão da fase 2 dos estudos, que só aconteceu em junho deste ano.