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Transplante de pulmão, órgão alvo da Covid-19, tem queda de 12%

Entre 2017 e março de 2020, foram realizados 368 operações. Fila de espera tem 224 pessoas, segundo levantamento exclusivo do Metrópoles

atualizado

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Robina Weermeijer/Unsplash
maquete de pulmão
1 de 1 maquete de pulmão - Foto: Robina Weermeijer/Unsplash

O pulmão é o principal alvo da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. No centro das atenções durante a pandemia,  224 brasileiros aguardam o transplante do órgão.

Entre 2017 e março de 2020, foram realizados no país 368 transplantes de pulmão. A fila de espera representa 60,8% dos procedimentos realizados no período.

O volume de operações do tipo caiu 12,3% entre 2018 e o ano passado, quando passaram de 121 transplantes para 106, respectivamente.

Até março de 2020, foram 29 procedimentos. Neste ano, é esperado uma desaceleração das cirurgias, visto que a rede hospitalar está com a maior parte de sua estrutura reservada para tratamento de casos graves da Covid-19.

Os dados são de um levantamento do Ministério da Saúde, feito a pedido do Metrópoles.

Assim como nos casos de Covid-19, o esmorecer do pulmão pode significar a morte do paciente em outras situações, como durante o tratamento de câncer e por pneumonias.

Transplantes de pulmão no Brasil: 

  • 2017 – 112
  • 2018 – 121
  • 2019 – 106
  • 2020* – 29

*Até março.

Fila de espera 

Segundo o Ministério da Saúde, os pacientes são operados de acordo com as condições clínicas e com a disponibilidade do órgão para ser transplantado.

Os candidatos devem ter comprovação do diagnóstico e a indicação para transplante. Além disso, a equipe de transplante define os parâmetros para aceitação quanto ao doador/órgão doado.

“Cabe ressaltar, que para a inscrição (pulmão – doador falecido) é necessário que o indivíduo tenha algum dos diagnósticos para indicação para transplante pulmonar (bilateral ou unilateral)”, explica, em nota.

Alertas

Médicos explicam que algumas características do estilo de vida, além de questões genéticas, podem levar ao enfraquecimento do órgão, por exemplo, o tabagismo e o sedentarismo.

A professora Renata Domingues Balbino Munhoz Soares, coordenadora do Grupo de Estudo Direito e Tabaco da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que a maior parcela dos casos graves da Covid-19 tem relação com o uso de produtos fumígenos, como cigarro comum, cigarro eletrônico e narguilé.

“Nesse sentido, ela defende o controle do tabaco. “As restrições no Brasil à liberdade de fumar, como, por exemplo, a proibição de fumar em locais fechados, vem ao encontro da liberdade de não fumar e do direito à saúde do não fumante, além de alertar o fumante dos malefícios do cigarro à saúde”, pondera.

Alvo da Covid-19

A preocupação com o pulmão centraliza o maior gargalo do governo quando o assunto é a capacidade de socorro aos infectados. Quando o órgão falha pela infecção, a sobrevivência do paciente só é garantida pelo respirador. O Ministério da Saúde comprou 14 mil aparelhos, menos que as estimativas de uso durante a pandemia.

Nos quatro primeiros meses deste ano, o Brasil registrou  98% das internações por doenças respiratórias de 2019. Os casos superam 95 mil.

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), uma das principais entidades no controle da pandemia no território nacional, explica como o pulmão é afetado por doenças como a Covid-19, pneumonia e influenza (gripe), que podem levar a uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

O especialista explica que a SRAG deixa o paciente com síndrome gripal, além de dificuldade para respirar.

“Há a diminuição de saturação de oxigênio no sangue a um nível menor do que 95%, desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, piora nas condições clínicas de doença inicial, hipotensão ou outro quadro de insuficiência respiratória aguda também podem aparecer”, destaca.

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