Procurador do AM diz que Saúde foi alertada antes sobre falta de oxigênio
Igor da Silva Spindola afirmou que “o estado não se preparou” para a falta de oxigênio”. O Ministério da Saúde não comentou a afirmação
atualizado
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Procurador da República do Amazonas, Igor da Silva Spindola afirmou nessa quinta-feira (16/1) que o Ministério da Saúde foi alertado há pelo menos quatro dias que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus (AM). À coluna Guilherme Amado, da revista Época, Spindola disse que “o estado não se preparou”.
“O estado não se preparou. E, como se não bastasse, a direção de logística do Ministério da Saúde só se reuniu hoje (quinta-feira) para tratar disso, após ser avisada há quatro dias”, disse o procurador, que atua na área de saúde no estado.
Spindola ainda citou a “falta de coordenação” do governo federal e tentou contabilizar as mortes por asfixia: “Acordei hoje [quinta-feira] com uma ligação por volta de 7h do diretor do Hospital Universitário dizendo que só tinha duas horas de oxigênio. Por volta de 12h, a gente já tinha notícia dos óbitos por asfixia. Foi emocionalmente impactante”.
De acordo com o procurador, no pico da pandemia, em 2020, a demanda por oxigênio em Manaus era de 20 mil metros cúbicos. Agora, saltou para 70 mil. A empresa White Martins, que fornece oxigênio para os hospitais da capital, consegue produzir 28 mil metros cúbicos de oxigênio.
Procurado pelo Metrópoles, o Ministério da Saúde não comentou a publicação, mas falou sobre a ação do governo para “desafogar a rede assistencial pública e privada do Amazonas”, transferindo pacientes internados em leitos clínicos para oito capitais brasileiras, incluindo o Distrito Federal.
Na nota, o MS ainda afirmou que “aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e de companhias aéreas estão sendo mobilizados para levar cilindros de oxigênio líquido e gasoso de diversas partes do país ao estado”.
Crise em Manaus
A crise causada pela pandemia do novo coronavírus na capital do Amazonas tem se agravado dia após dia, sobretudo com a falta de oxigênio para pacientes internados pela doença. Até terça-feira (12/1), Manaus registrou 2.221 novas hospitalizações, recorde para um mês — apesar de ainda estarmos na primeira metade de janeiro. O número é maior do que o total de internações registradas em todo o mês de abril.
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, após se reunir com o governador Wilson Lima na segunda-feira (11/1), para tratar da particularidade de Manaus, anunciou uma série de medidas para a capital.
A demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde do Amazonas superou, na terça-feira (12/1), a média diária de consumo em mais de 11 vezes.
Veja a nota na íntegra:
Pacientes com Covid-19 internados em leitos clínicos em Manaus começaram a ser transferidos hoje (15/01) para oito capitais brasileiras numa ação coordenada pelo Ministério da Saúde, que visa desafogar a rede assistencial pública e privada do Amazonas. A articulação envolve os governos estaduais e também o Distrito Federal.
“Vários governadores já se colocaram à disposição para recepcionar pacientes com Covid-19 em seus estados e prontamente reservaram suas estruturas hospitalares para dar o apoio necessário para atender aos pacientes do Amazonas”, disse o Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.
As transferências ocorrerão por via aérea e já estão garantidos – de imediato – 149 leitos: 40 em São Luís (MA); 30 em Teresina (PI); 15 em João Pessoa (PB); 10 em Natal (RN); 20 em Goiânia (GO); 04 em Fortaleza (CE); 10 em Recife (PE) e 20 no Distrito Federal.
Além dos suportes estaduais na disponibilidade de leitos para auxiliar o Amazonas nos próximos dias, a pasta também está recebendo ajuda em nível federal da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – responsável pela gestão de hospitais universitários federais espalhados pelo país. A instituição também disponibilizou vagas em suas unidades para receber os pacientes vindos do Amazonas.
O Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, informou que, mesmo com a imediata disponibilidade de vários governadores em apoiar os amazonenses, “foi realizado um estudo pelo Ministério da Saúde para saber quais estados poderiam receber pacientes sem sobrecarregar a assistência local”.
Transporte
Os pacientes que serão trasladados atendem a critérios clínicos definidos pela equipe médica. O transporte será feito em parceria com o Ministério da Defesa por duas aeronaves da Força Aérea Brasileira com capacidade de 25 pacientes deitados em macas dentro de voos.
A ação também poderá dispor da aviação civil. O deslocamento será realizado com a presença de profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para prestar atendimento aos pacientes.
Em terra, cada destino ainda terá à sua disposição uma frota de ambulâncias exclusivas para levar os pacientes dos aeroportos aos hospitais.
Oxigênio
Para mitigar os impactos da falta de oxigênio hospitalar no Amazonas, um dos motivos que levou à transferência dos pacientes, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e de companhias aéreas estão sendo mobilizados para levar cilindros de oxigênio líquido e gasoso de diversas partes do país ao estado.
Tanto pequenas quanto médias empresas que envasam o gás pelo país informaram que incrementarão suas produções para suprir a demanda. Os Ministérios da Saúde e da Defesa enviaram ao estado do Amazonas esta semana 5 mil metros cúbicos de oxigênio líquido para auxiliar no combate à Covid-19 na região. A medida faz parte das ações de apoio ao Plano de Contingência do estado.
“Estamos trabalhando intensivamente na logística e parcerias para, em menor tempo possível, e com mais efetividade, sanar a crise sanitária pela qual passa o estado do Amazonas. Não estamos medindo esforços”, afirmou o ministro Eduardo Pazuello.
Além disso, foram entregues equipamentos de proteção individual, entre eles 125 mil máscaras N95, 247,8 mil máscaras cirúrgicas e 200 mil luvas.
Conforme demanda, a pasta enviou ao estado de 180 monitores, 373 bombas de infusão, 6.900 equipos e 78 ventiladores pulmonares (40 exclusivos para o interior do estado). Ainda para o estado, foram destinadas 250 mil cápsulas de oseltamivir, 700 cilindros de oxigênio, além de 40,5 mil unidades de medicamentos para intubação.