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Pazuello não descarta vacina russa, mas diz que dados ainda “são rasos”

Integrantes do governo federal devem se reunir com desenvolvedores da droga nos próximos dias

atualizado

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O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, não descartou a utilização da vacina contra o novo coronavírus anunciada pela Rússia. No entanto, afirmou que os dados em torno do assunto são incipientes e que as posições estão “ainda muito rasas”. Nessa quarta-feira (12/8), o Governo do Paraná assinou um acordo com o país europeu para avançar em estudos sobre a vacina. O governo federal deve ter reunião nos próximos dias com os desenvolvedores da droga.

Durante participação em audiência pública no Congresso, Pazuello afirmou que se reuniu nessa quarta-feira, por videoconferência, com o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da empresa russa que desenvolve a vacina e da embaixada da Rússia no Brasil.

“Está muito incipiente. As posições estão ainda muito rasas, nós não temos profundidade nas respostas. Nós não temos o acompanhamento dos números. Pode até haver tudo isso, mas ainda vai ter muita negociação, muito trabalho para que isso seja, de uma forma efetiva, digamos, avalizado pela Anvisa, para que nós possamos discutir a compra”, disse.

No começo de agosto, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correa de Medeiros, disse que o governo federal pretende comprar “a primeira vacina que chegar ao mercado”, independentemente do país que a produzir.

O Ministério da Saúde pretende investir R$ 1,8 bilhão para começar a produzir a vacina da farmacêutica AstraZeneca contra o novo coronavírus, cujos testes são conduzidos pela Universidade de Oxford.

Desse valor, R$ 522 milhões irão para a estrutura da unidade da Fiocruz que produz imunobiológicos, a Bio-Manguinhos, e R$ 1,3 bilhão é de despesa referente a pagamentos previstos no contrato de encomenda tecnológica.

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Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em seu gabinete
Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello
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No fim de julho, a pasta afirmou que foi assinado um documento que deu base para o acordo entre os laboratórios sobre a transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de vacinas contra a Covid-19, caso seja comprovada sua eficácia e segurança.

Cloroquina

Durante a audiência, Pazuello afirmou também que o governo federal não conseguiu atender “nem 50%” da demanda por cloroquina feita por estados e municípios. O medicamento é prescrito para malária e doenças autoimunes, mas também tem sido usado no tratamento contra a Covid-19, mesmo sem comprovação científica da sua eficácia. Segundo o ministro, a pasta já distribuiu 5,3 milhões de doses do remédio.

“Coloco de uma forma bem clara que nós atendemos demandas, nós não distribuímos sem demanda, e alerto que nós não conseguimos atender nem 50% do que nos demandam”, disse durante participação em audiência pública em comissão que acompanha a situação da pandemia do novo coronavírus do Congresso. O ministro foi convidado para explicar a logística de medicamentos e de testes para diagnósticos da doença para todo o país.

“Nosso estoque hoje, no Ministério da Saúde, é zero. Não temos nem  um comprimido para atender as demandas. Nós temos uma reserva de 300 mil itens apenas para atender malária guardados, que representa algo em torno de 20% do que eu preciso por ano”, reforçou durante a audiência. “Temos uma demanda reprimida hoje de mais de 1,6 milhão de doses para estados e municípios, só hoje.”

Segundo o ministro, o governo negocia o preço para a compra de 4 milhões de comprimidos do medicamento produzidos pela Fiocruz.  Há ainda, em torno de 2 milhões de unidades no Laboratório do Exército, que foram doados pelos Estados Unidos. O estoque, no entanto, precisaria ser fracionado, pois está distribuído em frascos com 100 comprimidos. É necessário separar a dose exata recomendada para pacientes do novo coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro é um entusiasta da cloroquina e afirmou ter feito uso da droga quando foi contaminado pelo coronavírus, no mês passado. Desde o início da pandemia, em marços, o  Laboratório do Exército turbinou a sua produção, a pedido do presidente, e elaborou 3 milhões de comprimidos — o último lote, de 2016, havia sido de 265 mil unidades.

Na reunião com parlamentares, Pazuello afirmou ainda que, no início da pandemia, o Ministério da Saúde precisou do auxílio de outras pastas para estruturar a compra de medicamentos para intubação de pessoas em estado grave. Segundo ele, o governo fez um esforço para localizar empresas que tinham os insumos e que, até o momento, foram repassados 3,4 milhões de kits de intubação para estados e municípios.

“Fizemos também aquisições internacionais junto à Opas, junto ao Uruguai, já executada, e estamos também fazendo uma terceira etapa com a União Europeia. Esses medicamentos do Uruguai já foram recebidos, com apoio do Ministério da Defesa, e distribuídos para Estados do Sul. Os medicamentos da Opas estão para chegar esta semana, de uma licitação internacional. O acordo da União Europeia também, nos próximos 15 dias.”

Reportagem do Estadão publicada no fim do mês passado mostrou que a pasta foi alertada desde maio sobre a falta de medicamentos essenciais para tratamento da covid-19 na UTI, como sedativos e analgésicos usados na intubação de pacientes graves. O ministério só aceitou participar da compra desses fármacos, com Estados e municípios, mais de um mês depois dos alertas. Em paralelo, o governo federal priorizou a distribuição de cloroquina.

Testagem

Durante a audiência, o ministro e técnicos da pasta apresentaram projeções da ampliação da testagem para Covid-19, mas ressaltaram que cabe ao médico decidir como será feito o diagnóstico em casos suspeitos. Até o momento, a rede pública e privada de saúde realizaram 9,3 milhões de testes para diagnósticos da doença -sendo 3,8 milhões de testes RT-PCR, considerado “padrão ouro”, e 5,5 milhões de testes sorológicos (rápidos).

“Temos o raciocínio de fazer 24,5 milhões de testes RT-PCR, somando com o que já foi feito, e 22 milhões de testes sorológicos”, explicou o ministro. Para chegar neste número, segundo ele, o governo federal reforçou a compra de insumos para realização dos exames.

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