Pazuello diz que Pfizer impõe “condições leoninas” para compra da vacina
Ministro da Saúde comparece ao Senado Federal para prestar esclarecimentos sobre o combate à pandemia do novo coronavírus
atualizado
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Em sessão plenária no Senado Federal, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a atacar as cláusulas impostas pela Pfizer para que o Brasil possa comprar seis milhões de doses do imunizante produzido pela farmacêutica contra o novo coronavírus. Nas palavras do chefe da pasta, a empresa apresenta “condições leoninas” para aquisição das vacinas.
“A vacina da Pfizer é excelente? Sim. [A empresa] Nos procurou desde o início? Sim. Fizemos reuniões tentando demovê-los de cláusulas que são impraticáveis na minha e na visão do governo”, afirmou.
Pazuello defendeu que o imunizante da Pfizer apresenta problemas de logística. “Tem problemas logísticos, de [transporte e armazenamento a] 80°C negativos, mas que dá para resolver. Mesmo que nós aceitássemos todas as condições impostas, desde o início, seriam oferecidas seis milhões de doses no primeiro semestre. Não podíamos ficar nisso”, disse.
O ministro da Saúde criticou o contrato para compra do imunizante. “Quantas vezes falei com a Pfizer? Queremos e em grande quantidade, e sem as condições leoninas que nos são impostas. Não somos um país que precisa se submeter a isso.”
Segundo Pazuello, a farmacêutica impõe a necessidade de que o governo federal assuma a responsabilidade sobre eventuais efeitos colaterais e providencie à empresa a disponibilização de ativos no exterior. Outra exigência estabelece que a Justiça brasileira deveria abdicar de sua capacidade de julgar a Pfizer – apenas a Corte dos Estados Unidos estaria apta a receber e analisar casos da farmacêutica.
Além dessas condições, a empresa não fornecerá o diluente. Mesmo com as várias restrições, Pazuello defendeu: “Estamos abertos à negociação com a Pfizer”. Se você [governador] conseguir quebrar as cláusulas, a gente financia, o quanto quiser. Mas quem vai responsabilizar por isso?”, completou.
CPI da Saúde
A ida de Pazuello à Casa trava o andamento da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas negligências cometidas pela Saúde no colapso ocorrido no Amazonas.
Enquanto senadores de oposição pressionam pela criação do colegiado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prega cautela. O senador mineiro quer ouvir Pazuello antes de decidir se irá, ou não, dar andamento à CPI da Saúde, como está sendo chamada.
O pedido de abertura da CPI já foi protocolado por senadores no início do mês. Encabeçada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a manifestação foi assinada por 30 parlamentares, ou seja, além do limite necessário para abertura de investigação, que é de 27 assinaturas.
Após o pedido ser registrado na Secretaria-Geral da Mesa Diretora, os partidos podem fazer as indicações dos representantes que irão compor a comissão.