Novo surto de sarampo: conheça principais mitos e verdades
Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o Brasil território livre da doença em 2016, mas 500 novos casos foram registrados no país
atualizado
Compartilhar notícia
Na última terça-feira (3/7), os estados de Roraima e Amazonas declararam situação de emergência pelo prazo de 180 dias por conta de um surto de sarampo. Juntas, as duas unidades da Federação da República já têm mais de 500 casos confirmados da doença que havia sido extinta no país. O Rio Grande do Sul já computa seis registros. O Rio de Janeiro, uma suspeita. Veja a seguir uma série de mitos e verdades sobre esse assunto:
“Copa do Mundo aumenta risco de surto de sarampo no Brasil”
“O surto de sarampo está ligado à crise venezuelana”
Segundo informações do Ministério da Saúde, em Roraima e Amazonas, unidades da federação que declararam situação de emergência nos últimos dias, há casos de sarampo relacionados a refugiados da Venezuela. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2017, quatro países notificaram a ocorrência de episódios confirmados de sarampo na América: Argentina (três registros), Canadá (45), Estados Unidos (120) e Venezuela (727). Ainda conforme destacou a entidade, até 12 de março deste ano, o Brasil tinha confirmado 14 ocorrências da doença – todas relacionadas a cidadãos venezuelanos não vacinados. Conforme mostrou análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o sarampo identificado nesses imigrantes era do tipo D8 – o mesmo visto na Venezuela no ano passado.
“O sarampo estava extinto no Brasil”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o Brasil território livre de sarampo em 2016. Mas a doença estava controlada bem antes disso. O último surto autóctone – quando as contaminações ocorrem dentro do próprio país – ocorreu em 2000, segundo o Ministério da Saúde. Entretanto, até a última segunda-feira (2), já havia registros da infecção contagiosa em Roraima (200 casos confirmados, 177 sob investigação) e no Amazonas (263 comprovados, 1.368 em análise), além de seis episódios verificados no Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, existia uma suspeita e, em São Paulo, a Secretaria de Saúde editou um alerta em Nível 3, o mais alto da escala, para o risco de epidemia.
“A vacina é o único meio eficaz de evitar o sarampo”
Conforme destaque no site do Ministério da Saúde, a vacina contra o sarampo é a única maneira de prevenir a doença. No atual calendário de vacinação usado no Brasil, uma dose da tríplice viral é aplicada aos 12 meses de idade e a outra, aos 15 meses. Ainda vale ressaltar que não existe tratamento específico para o sarampo, só formas de aliviar os sintomas. Entre elas: alimentação leve, ingestão de muito líquido e repouso.
“Sarampo só se pega uma vez na vida”
Assim como acontece com a catapora, a rubéola e outras doenças típicas da infância, quando um indivíduo contrai sarampo, o corpo gera anticorpos que impedem, em caso de nova contaminação, o avanço da enfermidade.
“Todos devem tomar a vacina contra o sarampo”
Com base em orientação do Hospital Sírio-Libanês, diante do risco de surto de sarampo, os pais não devem deixar de imunizar seus filhos. Até mesmo os adultos indecisos quanto a tomar ou não a vacina também necessitam se proteger da doença. Essa recomendação, no entanto, é válida para pessoas com até 49 anos. A partir dessa idade, a vacinação precisa ser avaliada caso a caso. O Ministério da Saúde destaca, por sua vez, que indivíduos com suspeita de sarampo, gestantes, crianças com menos de seis meses de idade e imunocomprometidos não devem tomar a vacina.
“Só pego sarampo se encostar em alguém com a doença”
O Ministério da Saúde classifica o sarampo como uma doença altamente contagiosa e informa que ela é transmitida por meio de secreções mucosas, como a saliva, de indivíduos doentes para outros não imunizados. De acordo com a pasta, as gotículas de secreções podem ser inaladas e, por isso, é recomendável o uso de máscara quando houver aproximação de menos de dois metros do enfermo.
“Sarampo não é perigoso”
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, de acordo com informação relatada no site do Ministério da Saúde. Normalmente, a enfermidade não causa complicações, mas há casos em que pode evoluir para encefalite (inflamação no cérebro), pneumonia e lesão cerebral. Conforme estimativa da Organização Mundial de Saúde, o sarampo causou aproximadamente 90 mil mortes em 2016.
“Mulheres pegam mais sarampo do que homens”
O Ministério da Saúde informa que o sarampo afeta, igualmente, ambos os sexos. A incidência, a evolução clínica e a letalidade da doença são influenciadas, segundo a pasta, pelas condições socioeconômicas, nutricionais e imunitárias das pessoas – e não pelo gênero. Aglomerações em lugares públicos e em pequenas residências também podem facilitar a transmissão da doença, de acordo com o órgão.
Reportagem: Cristina Tardáguila e Chico Marés. Edição: Natalia Leal