“Não negociamos pessoas”, diz Mandetta sobre Cuba e o Mais Médicos
Ministério da Saúde prepara texto que modifica o programa para enviar ao Congresso Nacional
atualizado
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou a posição do governo de Cuba em relação ao programa Mais Médicos e afirmou que o Brasil “não negocia pessoas”. O discurso foi feito no evento Marcha a Brasília em defesa dos municípios, na tarde desta terça-feira (9/4), na presença de gestores atingidos diretamente pela retirada de cubanos do programa.
A proposta do ministro é aprovar no Congresso mudanças na legislação para incentivar a participação de brasileiros no programa federal. Mandetta espera que a modernização permita a continuidade da ação, com estruturação e fixação dos profissionais.
“Mas respeitando um princípio: nós não negociamos pessoas. O Brasil não adquire trabalhadores de outro país porque nós somos um país livre, democrático. As pessoas têm o direito de ir e vir e cabe a nós, Estado brasileiro, estender para elas um caminho, e não capturar pessoas que não têm direito de ir e vir dentro do nosso próprio país”, declarou.
O ministro ressaltou que a presença de cubanos, apesar de confortável para as prefeituras, não é a melhor solução para a falta de médicos nos rincões do país. “Ele [o médico cubano] era cativo”, enfatizou.
Os dados apresentados pelo ministério indicam que, com a abertura de mais vagas nos cursos de medicina, o Brasil vai formar mais de 350 mil médicos por década. “Não é possível que nós, que estamos fazendo um esforço desse tamanho, pagando Fies, que nós não tenhamos uma proposta de governo para fixar esse povo nas cidades brasileiras de difícil acesso. Esse é o desafio. No mundo democrático, é como atrair as pessoas, mas dar a elas o direito de ir de vir”, disse Mandetta.
Atenção primária
O ministro da Saúde reafirmou a importância da atenção primária para a municipalização plena do Sistema Único de Saúde.
“Eu preciso que os hipertensos sejam controlados, os diabéticos. Nessas unidades, se chegar uma gestante, ela é prioritária. Não podemos tolerar mortalidade materna prevenível com o pré-natal. Chega. Não dá. Isso é grave”, declarou, arrancando aplausos dos ouvintes.
Mandetta também fez um apelo à vacinação infantil. “A vacina de uma criança é um direito da criança. Todo mundo é responsável pela infância. Quando ela não está vacinada por esquecimento, isso pode ser negligência. Pode ser o apontamento de que ela está precisando do apoio de cada um de vocês”, falou.