Ministro negocia com lanchonetes fim do refil para refrigerantes
A alternativa da Saúde seria propor ao Congresso um projeto de lei que proíba esse sistema de oferta da bebida
atualizado
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O Ministério da Saúde quer acabar com a oferta de refil de refrigerantes em restaurantes e redes de lanchonete no Brasil. A pasta negocia com representantes do setor um acordo para o fim dessa prática. O ministério avalia que a medida tem se expandido de forma perigosa no país.
“Caso não cheguemos a um resultado comum, vamos estudar uma outra medida”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, nesta terça-feira (13/6). A alternativa seria propor ao Congresso um projeto de lei que proíba esse sistema de oferta da bebida. De acordo com o ministro, não há prazo para que o acordo com o setor seja firmado.
A estimativa do Ministério da Saúde é de que existam cerca de 1 mil lojas de redes de fast food, além de restaurantes, que oferecem aos clientes essa possibilidade de consumo ilimitado por um preço fixo. “Há uma disputa por esse mercado. Vamos manter a tentativa de acordo voluntário. Espero chegar a um entendimento”, explicou Barros.Pelas contas da pasta, o refil aumenta em até 30% o consumo de refrigerantes nos estabelecimentos. “Isso vai contra a nossa meta, que é justamente reduzir a ingestão da bebida”, completou.
Sal e açúcar
Barros anunciou ainda outras duas medidas que estão em estudo para tentar reduzir o consumo excessivo de sal e açúcar no País: a proibição de saleiros em mesas de restaurantes; e a mudança de embalagens de sal e açúcar, que passariam a apresentar um dosador.
“Eles ajudariam a ver qual a exata quantidade para o consumo. O que vemos hoje é uma colher de sal, mas ela pode ser rasa ou muito cheia. Há uma grande diferença”, disse Barros.
A exemplo do refil, a ideia do governo é tentar, em uma primeira etapa, um acordo com donos de restaurantes e estabelecimentos que servem comida para retirar o saleiro.
“Se todos concordarem, não há necessidade de uma lei.”
Meta de redução
As estratégias foram apresentadas nesta terça-feira, durante o anúncio dos resultados do acordo de redução de sal com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), firmado em 2011. Cálculos feitos pelo Ministério da Saúde com base em dados fornecidos pela indústria indicam que foram retirados do mercado até o momento 17 mil toneladas de sódio dos alimentos.
Essa quantia está longe da meta firmada com o setor, que é, até 2020, retirar o equivalente a 28.562 toneladas do nutriente.
Embora o cronograma esteja bem atrasado, Barros disse estar confiante de que o objetivo será alcançado. Apesar do discurso, tanto o ministro quanto representantes da indústria reconhecem que, nas próximas etapas, o processo vai ficando cada vez mais difícil. No início do acordo, bastava retirar o excesso de sódio de alimentos.
Embora festejado pelo governo e pela indústria, o acordo de redução de sal é criticado por especialistas em nutrição por suas metas, consideradas muito tímidas. O sal é considerado fator de risco para hipertensão. Além de dar sabor, ele ajuda a conservar os alimentos, por isso, a sua adição até mesmo em alimentos adocicados, como cereais matinais e bolos.
Estudos indicam que o brasileiro usa sal em excesso e não se dá conta de ter esse comportamento de risco. A média de consumo diário do ingrediente no Brasil é de 12g, mais do que o dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 5g diárias.
Etapas
A mudança na formulação é feita em etapas. Na primeira fase, a redução foi feita em massas instantâneas, pães de forma e bisnaguinhas. Em uma segunda etapa, iniciada em outubro de 2011, foi a vez de salgadinhos de milho, batatas fritas, bolos, misturas para bolo, maionese, bolachas e biscoitos. Na terceira turma, estavam margarinas, cereais caldos em cubo e gel, além de temperos.
De acordo com o ministério, houve uma redução de 23,15% da quantidade de sódio presente na muçarela, entre 2012 e 2016. No requeijão, a queda foi de 20,47%. Sopas apresentaram uma queda de 65,15% na quantidade de sódio adicionada.
Entre embutidos, a maior queda foi da linguiça cozida em temperatura ambiente. A redução do teor de sódio foi de 15,59%, de 2013 para 2016. Entre hambúrgueres, a queda foi de 18,34%, também no período 2013-2016