Máscara e dose de reforço seguem indispensáveis para grupos de risco
Em meio a cenário epidemiológico com casos e óbitos em queda, ministro da Saúde assinou fim da emergência sanitária da Covid na sexta (22/4)
atualizado
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O Brasil passa por um momento de queda no número de casos e óbitos por Covid-19. Depois do pico causado pela variante Ômicron, em fevereiro, a média diária de mortes caiu e tem girado em torno de 100. Diante deste cenário, as medidas restritivas têm sido flexibilizadas em todo o país. Na sexta-feira (22/4), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assinou portaria determinando o fim da emergência em saúde pública (Espin) provocada pela pandemia.
Desde fevereiro, a discussão sobre “transformar a pandemia em endemia” estava ocorrendo. Na prática, acabar com a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) esbarrou em alguns entraves regulatórios, como contratos emergenciais de vacinas. O governo federal, porém, sustenta que a portaria de fim da emergência não deixa nenhuma política pública de combate à Covid em risco de interrupção.
O ato administrativo, no entanto, não significa que a doença acabou, alertam especialistas. Para vários grupos, ainda há necessidade de medidas de proteção mais rigorosas, como uso constante de máscaras, sem esquecer de completar o esquema vacinal, com as devidas doses de reforço.
“Para a proteção contra a Ômicron, o esquema básico de vacinação é de três doses”, relembra a infectologista Raquel Stucchi. Para maiores de 70 anos e imunossuprimidos, por exemplo, o esquema recomendado já é de quatro doses.
Idosos e imunocomprometidos são os mais vulneráveis, mesmo neste momento de queda de casos graves e mortes. “Esses também devem manter os cuidados, principalmente evitar locais fechados com muita gente. E, se for em local fechado, que sempre use máscaras com maior poder de filtração”, alerta a médica.
“No momento, já temos disponível a quarta dose para os maiores de 80. Os idosos já estavam começando a ficar com a proteção diminuída”, explica a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai.
“Precisamos aumentar a cobertura da terceira dose para maiores de 18 anos. Parece que os mais jovens não têm a percepção de risco, de que a terceira dose é importante para eles. Novas variantes podem surgir”, destaca.
Outro gargalo que ainda precisa ser preenchido na campanha de vacinação contra a doença é a imunização de crianças de 5 a 11 anos, que já podem receber o imunizante pediátrico da Pfizer ou a Coronavac. Ballalai ressalta a importância da segunda dose para esse público:
“A vacinação de crianças está indo mais devagar, até porque também há uma baixa percepção de risco. Em um cenário mais favorável, as pessoas relaxam. Mas precisamos lembrar que é graças à vacinação que chegamos aqui, e a cobertura vacinal precisa chegar a 90% em todas as doses de todas as populações-alvo”, diz.
Como continuar a se proteger
Para Raquel Stucchi, os seguintes cuidados seguem sendo importantes nesta etapa de queda nos casos e flexibilização: “Aqueles com sintomas respiratórios devem usar máscara tipo PFF2 ou N95 obrigatoriamente, e usar por um período de 10 dias, desde que já esteja assintomático no final do 10º dia. As pessoas não vacinadas por qualquer motivo ou que não completaram as três doses também devem usar máscaras nos ambientes fechados e nos ambientes abertos com aglomeração”, finaliza.