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Mais médicos: Saúde atrasa pagamento de bolsa a novos profissionais

Problema atinge 5.036 especialistas; ministério alega problema no cadastro após saída de cubanos do programa

atualizado

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Agência Brasil
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1 de 1 maismedicos - Foto: Agência Brasil

O pagamento da bolsa do Mais Médicos para os profissionais que aderiram ao programa a partir de dezembro está atrasado. Os valores referentes aos dias trabalhados deveriam ter sido depositados na primeira semana de janeiro, visto que alguns dos novos médicos da iniciativa deram início a suas atividades na primeira semana de dezembro e outros na semana seguinte. Contudo, até o momento, nenhum depósito foi feito. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a reportagem, o problema atinge 5.036 dos especialistas que aderiram ao programa após a saída dos médicos cubanos. O Ministério da Saúde confirmou esse número à publicação. Pelas regras do Mais Médicos, cada profissional deve receber uma bolsa no valor de R$ 11.800, além de auxílio-moradia. A pasta afirma que os pagamentos serão regularizados até o fim deste mês.

Participantes do programa ouvidos pela Folha disseram que, além do atraso no pagamento da bolsa, ainda não houve reembolso no valor de passagens aéreas e em outros gastos de mudança – o edital prevê auxílio equivalente a até três vezes o valor da bolsa nesses casos. Questionada, a nova secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, afirma que o problema ocorreu devido a dificuldades técnicas no cadastro dos profissionais.

“Estamos contornando o problema. Sempre que termina um edital, temos um problema de cadastro de informações, e também mudamos o sistema de pagamento. Antes eram feitos pelo sistema de  cooperação com a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde]”, explicou. “Como houve rompimento do contrato [com Cuba], tivemos que mudar a fórmula. Imagina o que é inserir cerca de 8 mil pessoas de novo no sistema bancário”, completou.

Ainda de acordo com o ministério, médicos cadastrados até 7 de dezembro receberam os valores da bolsa normalmente. O problema, assim, abrange os cadastrados após essa data – segundo técnicos da pasta, o número corresponde a 86% do total de 5.846 médicos inscritos no edital emergencial aberto em novembro e que se apresentaram para trabalhar do início de dezembro até o dia 14 do mesmo mês.

Ainda há vagas
A reportagem lembra que o fim da participação de Cuba no Mais Médicos ocorreu em 14 de novembro. A decisão foi atribuída a críticas do então presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sobre a qualidade da formação dos médicos estrangeiros e a ausência da exigência de revalidação do diploma para atuarem no Brasil.

Desde então, o governo tem enfrentado dificuldades para preencher as vagas abertas com a saída dos estrangeiros. Logo após a saída dos Cubanos, o edital ofertava 8.517 vagas, mas cerca de 70% não foram preenchidas por desistência ou falta de profissionais selecionados. Logo depois, foi lançado mais outro edital, com oferta de 2.549 vagas: houve 1.707 inscritos. Na quinta-feira (10), vence o prazo para apresentação desses médicos nos municípios onde atuarão.

O Ministério da Saúde informou ao jornal paulista que, após esse prazo, a pasta fará novo balanço das vagas existentes: de pronto, há confirmação de 842 postos de trabalho disponíveis. A meta é preencher todas as vagas ainda neste mês.

“O Mais Médicos vai ser uma preocupação só para essa seleção. Estamos na elaboração de um programa maior, que é o Mais Saúde. Não queremos mais utilizar esse programa que trouxe tantos problemas. Precisamos de soluções definitivas”, disse Mayra Pinheiro.

O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já havia antecipado que o Mais Médico será transformado. “Hoje o programa está conceitualmente errado, mal executado, mal fiscalizado. Eu não diria que o programa vai acabar, mas vai se transformar. Estamos com uma geração enorme de médicos recém-formados endividados. Se vamos gastar dinheiro para formar médicos, trazer médicos de fora é assinar um atestado de incompetência”, declarou o ministro à Folha.

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