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Hanseníase: duas verdades e três mentiras sobre a doença

Nos últimos dias, o Ministério da Saúde lançou campanha sobre essa patologia infecciosa e crônica para conscientizar a população

atualizado

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1 de 1 medico-hospital - Foto: IStock

Nos últimos dias de janeiro, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Luta Contra a Hanseníase 2018 com objetivo de conscientizar a população sobre os sintomas e o tratamento da doença. Antigamente, a hanseníase era conhecida como lepra, mas, por se tratar de uma denominação considerada depreciativa, o uso desse termo foi proibido pela Lei nº 9.010 em 1995.

A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica, que ataca principalmente a pele e os nervos, podendo levar à incapacidade física. Mas o que você sabe sobre esse assunto? Cheque a seguir:

“A hanseníase já foi praticamente erradicada no Brasil”Entre 2006 e 2016, o número de novos casos de hanseníase no Brasil registrou queda de 37,1%, segundo o Ministério da Saúde. Embora o órgão comemore a redução, os números permanecem altos. Em 2016, houve 25.218 novos casos da doença. Em 2015, foram 28.761. Assim, não é possível afirmar que a hanseníase foi “erradicada no Brasil”.

 

“Só transmite a hanseníase quem não faz o tratamento”

O tratamento da hanseníase é feito pela poliquimioterapia (PQT), associação de medicamentos que mata o bacilo e evita a evolução da doença. Sem a presença do bacilo, a transmissão é interrompida. Por isso, quem faz o tratamento não transmite a doença.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza os medicamentos de forma gratuita em todo o Brasil. Segundo a FioCruz, o tratamento da hanseníase também precisa ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, que envolve dermatologistas, neurologistas e fisioterapeutas.

A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada por uma bactéria. Ela é transmitida por gotículas nasais e orais. O contágio ocorre por meio do contato contínuo com um indivíduo doente, normalmente entre pessoas que vivem na mesma casa.

“Diagnosticar a hanseníase é muito fácil”A hanseníase é difícil de ser diagnosticada. A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) afirma que menos de 50% dos casos são identificados por exames de laboratório. Tanto a SBH quanto o ministério indicam o exame clínico como a forma mais segura de identificação da doença.

A hanseníase tem cura, mas, se demorar para ser diagnosticada, pode provocar sequelas irreversíveis. Alguns sintomas frequentes da doença são manchas esbranquiçadas sem sensibilidade em qualquer parte do corpo, áreas de pele seca e com falta de suor, além de dor e sensação de choque.

A doença leva de 5 a 10 anos para se manifestar e, segundo a SBH, há alta incidência da doença em menores de 15 anos – o que indica contato com o bacilo causador da doença na infância.

“O Brasil ocupa o 2° lugar no ranking mundial da hanseníase”Em 2015, segundo a OMS, 210.758 novos casos da doença foram detectados em todo o mundo. De acordo com o Boletim Epidemiológico sobre hanseníase, o Brasil tinha 13% dos casos da doença no mundo naquele ano, ficando em segundo lugar no ranking.

Mas, enquanto aqui, segundo a OMS, eram 26.395 novos casos em 2015, na Índia o número chegava a 127.326, ou seja, quase cinco vezes mais. O país asiático representava 60% dos novos casos da doença naquele ano. A Indonésia era o terceiro, com 17.202 ou 8% dos novos casos.

“Uma vez curado da hanseníase, nunca mais sentirei os sintomas da doença”Segundo a FioCruz, mesmo após passar pelo tratamento, é possível que o paciente continue sofrendo com problemas neurológicos – isso ocorre em pelo menos 20% dos casos. Quem teve hanseníase deve seguir com acompanhamento médico por, no mínimo, 10 anos depois de ser considerado curado.

Além disso, cerca de 40% das pessoas que iniciam o tratamento passam pelo chamado “estado reacional”, com agravamento dos sintomas da doença, como febre, lesões na pele e dores nos nervos. Muitas precisam ser, inclusive, internadas por conta desses fatores.

*Por Nathália Afonso

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