metropoles.com

Governo fraciona vacina contra febre amarela para imunizar mais pessoas

Uma ampola padrão será dividida em cinco doses nos estados de SP, BA e RJ. No DF, dose normal continuará a ser utilizada

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Metrópoles
Fiocruz produz mosquito que não transmite dengue
1 de 1 Fiocruz produz mosquito que não transmite dengue - Foto: Metrópoles

O Ministério da Saúde anunciou, na manhã desta terça-feira (9/1), o fracionamento da vacina contra a febre amarela na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O objetivo é garantir que uma parcela maior da população seja imunizada nesses estados. A meta é proteger 19,7 milhões de pessoas, em 75 municípios desses estados. Desta forma, uma ampola padrão será usada para vacinar cinco pessoas. Nas outras unidades da Federação, continua a aplicação da dose normal.

Segundo o ministro Ricardo Barros, não há redução na eficácia da imunização com a medida. “Estudos feitos há oito anos vêm mostrando isso”, afirmou. Porém, crianças de 9 meses a 2 anos de idade, pessoas com condições clínicas adversas (HIV e câncer, por exemplo), gestantes e viajantes internacionais tomarão a dose padrão.

O Brasil é o maior produtor da vacina contra a febre amarela do mundo. Mas há preocupação do Ministério da Saúde em relação aos estoques. “Estamos seguindo as regras da Organização Mundial da Saúde (OMS), o fracionamento é, inclusive, autorizado. Está sendo feito dessa forma [fracionada] porque não sabemos qual será a extensão da doença em 2018. Por isso, estamos regulando, para uma eventual necessidade”, explicou Barros.

A campanha começa no dia 3 de fevereiro em São Paulo. Na Bahia e no Rio de Janeiro, terá início em 19 de fevereiro. Caso haja necessidade, outros estados poderão atendidos com a dose fracionada.

Vigilância intensificada
Em São Paulo, onde a terceira morte pela doença foi confirmada no último sábado (6/1), nem todo o estado tem vacinação permanente, recomendada pelo Ministério da Saúde. Porém, desde dezembro passado, quando os primeiros casos acenderam uma luz amarela na saúde pública, a pasta resolveu ampliar a área de imunização como medida de “intensificação da vigilância”. Espírito Santo e parte da Bahia também tiverem os mapas da vacina alterados.

Desde outubro, quando macacos começaram a morrer de febre amarela no estado de São Paulo, 26 parques estaduais e municipais foram fechados como medida preventiva. Esses animais não transmitem diretamente a doença a humanos – são apenas hospedeiros –, mas as mortes foram o primeiro sinal de que o vírus está em circulação. Os decessos confirmados em São Paulo, até agora, são todos de pessoas que viajaram para o interior e contraíram a forma silvestre da enfermidade.

No Distrito Federal, de acordo com a Secretaria de Saúde, 86 casos foram investigados em 2017, sendo 83 deles descartados. Nos três confirmados, os pacientes morreram. O pior surto foi em 2000, quando 40 ocorrências foram registradas, 38 eram de moradores de outros estados.

O DF é considerado uma área de vacinação permanente, ou seja, as doses estão disponíveis gratuitamente, durante todo o ano, em Unidades Básicas de Saúde. A secretaria diz ainda não ter registrado aumento na procura pela vacina nos postos e que os estoques estão abastecidos.

“O que as pessoas precisam é se vacinar antes do surto”, alerta Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). “Porque é a vacina que previne o surto. Ainda assim, existem municípios no Brasil em que menos da metade da população é imunizada. Vamos parar de esperar surtos. A vacina existe para isso”, reforça.

Pessoas com até 59 anos podem receber a vacina. Embora uma única dose seja suficiente para toda a vida, se há dúvidas ou falta de registro em carteira, a recomendação é procurar um posto de imunização. Gestantes e idosos devem ser vacinados apenas após avaliação criteriosa de um médico. “Se o indivíduo corre o risco de pegar febre amarela, a vacinação é recomendada, porque a chance de ela morrer da doença é muito maior do que de ela morrer de evento adverso”, avisa a profissional de saúde.

Sem resposta
A primeira morte de 2018 por suspeita de febre amarela no DF continua sem resposta. Ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde informou que segue investigando o óbito do vigilante Erondes Osmar da Silva, de 58 anos, na última quarta-feira (3/1), em Ceilândia. Outras possibilidades são leptospirose e hantavirose, doenças com sintomas semelhantes aos da febre amarela: náuseas, febre alta, dores de cabeça, no corpo e nas articulações.

Segundo a secretaria, amostras biológicas coletadas do paciente estão sendo analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do DF. Na segunda-feira (6), outra parte do material foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. A causa da morte só será definida após comparação dos laudos produzidos pelas duas instituições. Não há prazo.

Erondes deu entrada no Hospital Regional de Planaltina na terça-feira (2) com febre e dores fortes no corpo. Por causa da gravidade do quadro, foi transferido para a UTI do Hospital Regional de Ceilândia, onde morreu um dia depois. Ele morava em Planaltina e trabalhava no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (Saan), local que apresenta áreas com mato alto.

 

Arquivo Pessoal
Erondes Osmar da Silva, 58 anos, morreu na última quarta-feira (3/1) com sintomas suspeitos de febre amarela

Vigilante era vacinado
O caso de Erondes chamou atenção porque, na sua carteira de vacinação, constam duas doses da vacina contra a febre amarela – em 2000 e em 2011. Atualmente, o Ministério da Saúde adota o esquema de vacinação de dose única a partir dos 9 meses de vida, sem necessidade de reforço. A nova metodologia foi anunciada pela pasta em abril do ano passado.

“Nenhuma vacina é 100% eficaz”, afirma Isabella Ballalai. A contra a febre amarela, no entanto, é uma das mais seguras atualmente: entre 95% e 98%, segundo a especialista. “Temos um bom histórico teórico, em laboratório, e prático também. Mas pode acontecer”, resume Ballalai.

Arte: Joelson Miranda/Metrópoles

 

[A eficácia] depende do indivíduo. É o sistema imunológico da pessoa que precisa responder ao vírus atenuado. A vacina não é a proteção. Ela induz à proteção. Mas o funcionamento dela é ativo. Em imunodeprimidos, por exemplo, a eficácia é menor.

Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?