Estudo da USP mostra que 28% dos jovens fazem uso abusivo de videogame
Pesquisa comandada pela Universidade de São Paulo afirmou que a média de brasileiros que fazem uso exagerado de games está acima da mundial
atualizado
Compartilhar notícia
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista científica National Library of Medicine concluiu que 28,17% dos jovens brasileiros fazem uso abusivo de videogames. Esse percentual é maior do que a média mundial, que é de 19,3%. Cerca de 85% dos adolescentes entrevistados pela pesquisa afirmaram jogar de forma on-line.
Além disso, a pesquisa apontou que 57% dos participantes utilizam os jogos como uma forma de escapar de problemas da realidade. O estudo alerta para a necessidade de investigar formas de prevenir o abuso antes que o uso dos videogames se torne problemático. Uma das hipóteses dos pesquisadores é que a falta de acesso a serviços de lazer e esportes públicos no Brasil esteja complicando ainda mais a situação.
De acordo com o estudo, o grupo de adolescentes que usa os games em excesso é formado, em sua maioria, por jovens do sexo masculino, usuários de tabaco e álcool, que praticam ou sofrem bullying. Eles também tinham sintomas anormais de hiperatividade e problemas de conduta e relacionamento.
O uso abusivo de videogames é enquadrado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um distúrbio psíquico. Esse problema é nomeado como Transtorno de Jogo pela Internet (TJI) e é caracterizado por atrapalhar outras áreas da vida humana.
“Como estamos falando de adolescentes que moram com suas famílias, o uso indiscriminado afeta quem convive com eles. Por exemplo, pode haver um crescimento dos conflitos para que os adolescentes desliguem o jogo, pode ocorrer um afastamento dos amigos e familiares ou aumento de comportamentos agressivos, o que piora os relacionamentos de maneira geral”, observa a psicóloga Luiza Brandão, do Instituto de Psicologia da USP e autora do estudo, em entrevista ao Jornal USP.
O estudo foi realizado a partir de questionários enviados de modo aleatório a mais de 3 mil estudantes de oitavo ano de 73 escolas públicas brasileiras. Eles responderam às perguntas de forma anônima nas salas das instituições de ensino. Também foram utilizados dados do Tamo Junto 2.o, programa do Ministério da Saúde voltado para a prevenção ao uso de álcool e drogas por adolescentes.
Para completar a amostra, os cientistas entrevistaram outros 3.658 alunos de 12 a 14 anos. No total, 5.371 jovens fizeram parte do estudo.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.