Dezembro Vermelho: começa o mês de conscientização sobre a Aids
O Brasil oferece tratamento gratuito contra a síndrome pelo SUS desde 1998 e, neste ano, comemora a redução de mortes em decorrência do HIV
atualizado
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O Dia Mundial de Combate à Aids ou ao HIV, celebrado neste sábado (1º/12), veio com boas notícias: o Brasil conseguiu diminuir o número de mortes em decorrência da doença sexualmente transmissível. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade passou de 5,7 a cada 100 mil habitantes, em 2014, para 4,8, em 2017.
Neste ano, o Brasil completa 30 anos de oferta do tratamento da doença por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2013, os medicamentos (antirretrovirais) podem ser acessados nas unidades de saúde pelos soropositivos independentemente da quantidade de vírus apresentada no corpo. Essa medida, somada à melhoria nas técnicas de diagnóstico e à disseminação de informações, foi determinante para a redução de mortes e a garantia de tratamento.
Em memória das vítimas, as pessoas costumavam tecer colchas ou “quilts”. Pensando neste ato, o ministério imprimiu mensagens recebidas pela internet em tecidos que foram montados em forma de mosaico na Esplanada neste sábado (na foto em destaque, imagens da preparação). A ação foi denominada 30 Anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids – Uma Bandeira de Histórias e Conquistas.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
Existem várias formas de saber se a doença foi contraída. Uma das conquistas dos ativistas foi a redução do tempo de diagnóstico. Hoje, realizar o exame demora cerca de 30 minutos. É possível também fazer autotestes em farmácias privadas, que fornecem resultados em até 10 minutos. Porém, esse método não é aceito como base para um diagnóstico definitivo.
O SUS, de acordo com o Ministério da Saúde, distribuiu 12,5 milhões de exames neste ano. Em 2019, o ministério pretende viabilizar a utilização do autoteste em pelo menos 400 mil unidades de saúde nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Manaus.
O especialista em ginecologia e obstetrícia Carlos Alberto de Souza Silva, do Centro Clínico São Francisco, concordou com os dados divulgados pela pasta e ressalta que deve-se prestar atenção na diferença entre um paciente portador do vírus e aquele que tem a doença. “Alguém tem a doença quando a imunidade cai e a pessoa se encontra sujeita a infecções oportunistas. Então, uma coisa é ter o teste positivo, outra é ter a doença”, explicou.
“O acompanhamento médico é importante, e o mais precocemente possível”, alerta o médico. Ele citou alguns cuidados básicos que contribuem para manter-se saudável: “Uma boa alimentação e alívio de estresse ajudam a pessoa com HIV preservar boas condições de saúde”. Silva argumenta que, se não houver medidas precoces, “o tratamento de infecções oportunistas será mais oneroso e difícil”.
Prevenção
A médica infectologista Fernanda Rick, representante do Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, comemorou, em entrevista à Rádio Metrópoles, a redução do número mortes e comentou sobre a Profilaxia Pré-Exposição (Prep) – método de prevenção da Aids que consiste em tomar todos os dias um comprimido e estar livre de infecções. A Prep funciona apenas para aqueles que não contraíram o vírus.
Se tenho muitos parceiros e não uso preservativo, posso tomar o comprimido uma vez por dia e não me importar com HIV. Temos várias pesquisas e estudos demonstrando que esse tratamento é efetivo. É como se você fosse tomar um anticoncepcional
Fernanda Rick, representante do Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde
Fernanda também lembra que fazer o tratamento já é uma forma de prevenção: “Quando me trato e abaixo o meu nível de vírus no sangue a zero, ele [o vírus] continua escondido em algumas partes do corpo, mas no sangue ele não circula. Isso significa que não ocorre mais a transmissão do vírus”, afirmou.
Na ONU
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), pasta da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Américas, divulgou nessa sexta (30/11), em Washington (EUA), que cerca de 500 mil pessoas têm o vírus HIV na América Latina e Caribe, mas não sabem.
Preocupada com essa realidade, a ONU divulgou vídeo de conscientização com o diretor-executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), Michel Sidibé, sobre os 30 anos de ativismo. Na gravação (veja abaixo), ele classifica o 1º de dezembro como “um dia para lembrar que milhões de pessoas perderam suas vidas porque não puderam ser alcançadas”.
Sidibé enfatiza que a luta contra essa epidemia ainda não acabou: “Nós temos um longo caminho para percorrer”. O diretor-executivo adotou tom de preocupação ao falar que 9,5 milhões de pessoas não têm acesso ao tratamento: “Eles não são capazes de se proteger, de proteger suas famílias ou parceiros, simplesmente por não saber que são soropositivos”.
A campanha movida pela Unaids neste ano tem como tema o teste sorológico. “É importante porque quando você recebe o resultado positivo, é possível fazer o tratamento. E se você for negativo, tem acesso à prevenção e ao conhecimento”, argumentou Sidibé.