Covid-19 desperta vírus ancestral no corpo humano, afirma Fiocruz
Vírus HERV-K está relacionado à gravidade dos casos e à alta taxa de mortalidade
atualizado
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O Sars-Co-V-2 é capaz de reativar um vírus ancestral adormecido, presente há 5 milhões de anos na linhagem evolutiva dos seres humanos, segundo um relatório da Fiocruz. A multiplicação do retrovírus HERV-K está associada não somente aos casos mais graves de Covid-19, mas também à mortalidade precoce pela doença.
O coordenador do estudo, o virologista Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), afirmou que a pesquisa analisou pacientes com altíssima gravidade para procurar algum vírus que possa ter influenciado na seriedade dos casos.
“Nossa surpresa foi encontrar esses altos níveis de retrovírus endógeno K”, disse o virologista.
Entre março e dezembro de 2020, os pesquisadores acompanharam 25 pacientes, com uma média de 57 anos, em busca de vírus presentes na traqueia dos doentes graves, em ventilação mecânica. O resultado mostrou que o índice de mortalidade chega a 50% entre os doentes que apresentaram alto nível de HERV-K.
O vírus ancestral infectou o genoma quando humanos e chimpanzés se distanciavam na escala evolutiva. Até o momento, se sabia apenas que alguns genes da família do HERV-K estavam associados a alguns tipo de câncer e à esclerose múltipla.
“A gente estabeleceu, de fato, que o Sars-CoV é o gatilho para o aumento desses retrovírus endógenos, para despertar os vírus silenciosos”, disse Thiago Moreno.
Com base nos resultados, os pesquisadores pretendem estudar se o combate ao vírus ancestral pode ajudar a tratar pacientes de Covid-19 graves.